quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Educação Superior

Educação Básica

Educação Profissional e Tecnológica

  • Rede Federal
  • Graduação Tecnológica
  • Técnico de Nível Médio
  • Palavras-chave: Legislações, mec

    Um em cada 12 jovens na América Latina e Caribe não completa ensino fundamental, mostra UNESCO

    fundamentalMais de 8 milhões de pessoas com idade entre 15 e 24 anos na América Latina e Caribe não completaram o ensino fundamental e precisam de caminhos alternativos para adquirir habilidades básicas para emprego e prosperidade. Isso equivale a quase um em cada 12 jovens numa região onde quase metade da população tem menos de 25 anos. Nos países em desenvolvimento, este número chega a 200 milhões, o que representa 20% dos jovens. Os dados são do 10º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, lançado nesta terça-feira (16) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
    No mundo todo, um em cada oito jovens está desempregado e mais de um quarto está preso em trabalhos que os deixam na linha da pobreza ou abaixo dela. Enquanto os efeitos da crise econômica global continuam a ser sentidos, a profunda falta de qualificação juvenil torna-se mais nociva do que nunca.
    O relatório mostra que os jovens necessitam das habilidades básicas ensinadas nas escolas para que encontrem empregos decentes. Na América Latina e no Caribe, quase 2,7 milhões de crianças ainda estão fora do ensino fundamental e 1,7 milhão de adolescentes estão fora do ensino médio, perdendo a chance de adquirir habilidades vitais para um emprego.
    “Estamos testemunhando uma geração jovem frustrada pela disparidade crônica entre habilidades e emprego. A melhor resposta para a crise econômica e o desemprego juvenil é assegurar-se de que os jovens adquiram as habilidades básicas e a capacitação relevante de que necessitam para adentrar o universo do trabalho com confiança”, disse a Diretora-Geral da UNESCO, Irina Bokova.

    Financiamento da educação em crise

    De acordo com a diretora do relatório, Pauline Rose, governos e empresas precisam trabalhar para combater a crise no financiamento da educação. “Existem sinais preocupantes de que a ajuda à educação esteja minguando justamente agora quando crianças e jovens mais precisam”, disse. “O setor privado será o primeiro a se beneficiar de uma mão de obra qualificada e também deve aumentar seu apoio financeiro.”
    O documento calcula que, além dos 16 bilhões de dólares necessários para alcançar o ensino fundamental universal até 2015, a matrícula universal no ensino médio custaria 8 bilhões de dólares. A oferta de programas que oferecem caminhos alternativos para a capacitação também precisa aumentar drasticamente.
    Fonte: ONU BR.
    PROFESSOR COORDENADOR PEDAGÓGICO


    Revisto e Ampliado - dez./2011

    O Professor Coordenador Pedagógico como Mediador do Processo de Construção do Quadro de Saberes Necessários
                                                                                 Prof. Celso dos S. Vasconcellos

    O Professor Coordenador Pedagógico (PCP) é o intelectual orgânico do grupo, qual seja, aquele que está atento à realidade, que é competente para localizar os temas geradores (questões, contradições, necessidades, desejos) do grupo, organizá-los e devolvê-los como um desafio para o coletivo, ajudando na tomada de consciência e na busca conjunta de formas de enfrentamento. O intelectual orgânico é aquele que tem um projeto assumido conscientemente e, pautado nele, é capaz de despertar, de mobilizar as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso. Em grandes linhas cabe ao coordenador fazer com sua “classe” (os seus professores) a mesma linha de mediação que os professores devem fazer em sala: Acolher, Provocar, Subsidiar e Interagir.
    Cabe ao coordenador desenvolver a sensibilidade para com o outro, buscar, investigar a realidade em que se encontra, conhecer e respeitar a cultura do grupo, suas histórias, seus valores e crenças. Esta prática se aproxima do conceito psicanalítico de maternagem: engendramento do outro, acolher, metaforicamente, dar colo, ser o útero protetor. Por outro lado, ao PCP cabe também o desafiar, o provocar, o subsidiar, o trazer ideias e visões novas, questionar o estabelecido, desinstalar, estranhar as práticas incorporadas (para isto, exige-se sua capacitação: estudo, pesquisa, reflexão crítica sobre a prática). Esta postura se aproxima do conceito psicanalítico de paternagem: ser firme, porto seguro, mobilizar certa dose de agressividade, lutar por suas ideias, trazer a tradição, a norma, a cultura. O coordenador, como todo educador, vive esta eterna tensão entre a necessidade de dirigir, orientar, decidir, limitar, e a necessidade de abrir, possibilitar, deixar correr, ouvir, acatar, modificar-se. Todavia, o dirigir, o orientar, mais do que o sentido restritivo, tem o objetivo de provocar, despertar para a caminhada, para a travessia, para abandonar o aconchego do já sabido, do já vivido.
    Sua função é ajudar a concretizar o Projeto Político-Pedagógico da instituição no campo Pedagógico (integrado com o Administrativo e o Comunitário), organizando a reflexão, a participação e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma que a escola cumpra sua função social de propiciar a todos os alunos a:
                              nAprendizagem Efetiva
                              nDesenvolvimento Humano pleno
                              nAlegria Crítica (Docta Gaudium)
     partindo do pressuposto de que todos têm direito e são capazes de aprender.
    Cabe ao PCP coordenar a elaboração e a realização interativa do Projeto Político-Pedagógico da Escola; elaborar o seu plano setorial, qual seja, o Projeto de Trabalho da Coordenação Pedagógica; colaborar com os professores na construção e realização interativa do Projeto de Ensino-Aprendizagem/Plano de Ensino, assim como dos planos de unidade, sequências didáticas, projetos de trabalho, semanários, planos de aula; coordenar as reuniões pedagógicas semanais (Hora-Atividade, Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo); o acompanhamento individual dos professores (supervisão não com sentido de controle autoritário, mas de “outra”-visão); puxar para o todo (superando o foco muito localizado de cada professor); participar da educação da Mantenedora e da Comunidade, etc.
    Um dispositivo institucional fundamental para favorecer a concretização do PPP e a atividade da coordenação é o trabalho coletivo constante, a Hora-Atividade, o tempo coletivo dos educadores na escola, com a presença da direção, coordenação orientação e professores. Fica muito difícil o trabalho da coordenação quando não há este espaço coletivo constante, pois é aqui que as coisas são amarradas, as avaliações feitas, as metas estabelecidas (ex.: alfabetização, diminuição da evasão, do insucesso ao fim do Ciclo, etc.) monitoradas, as intervenções pensadas coletivamente. Para mudar a escola —e a sociedade— precisamos de pessoas e estruturas, estruturas e pessoas. Nãopode haver dicotomia. O PPP e o trabalho coletivo constante são instrumentos que ajudam as pessoas na tão necessária luta pela melhoria da qualidade da prática pedagógica. Sem este espaço, o coordenador corre um sério risco de virar “bombeiro”, “quebra-galho”, “burocrata”, tendo uma ação fragmentada.

    Observações sobre o Processo e o Papel do CPP na construção do Quadro de Saberes Necessários (QSN)
    lTer claro que a tarefa é de todo o grupo da escola e não só do PCP.
    lO PCP não tem obrigação de dominar todos os saberes.
    lO processo de construção coletiva é muito mais complexo do que a elaboração por um grupinho. Todavia, seu valor é muito maior, pois o próprio processo de construção já é uma formação para quem dele participa.
    lTer clareza do objetivo do encontro: concluir esta etapa do processo na escola. Para não dispersar (e levar à frustração), ficar firme no objetivo, ter o foco na tarefa: modificação, exclusão, dúvida ou inclusão de saberes.
    lPara isto, é decisivo que os participantes saibam com bastante antecedência o objetivo do encontro (concluir esta etapa de discussão do QSN na escola). Desta forma, poderão também se preparar para ele de forma coerente.
    lNão ser dogmático, não generalizar. Lembrar sempre das diferenças, da diversidade.
    lToda fala tem pelo menos as dimensões cognitiva e afetiva. O aspecto cognitivo tem a ver com a lógica, com a articulação e fundamentação das ideias, com a força do argumento. O aspecto afetivo tem a ver, primeiro com a energética, com o ânimo, com o grau de entusiasmo de quem se expressa; depois, tem a ver também com um aspecto bastante sutil que é polaridade desta energia, qual seja, se é construtiva (desejo sincero e crítico de ajudar o outro a crescer) ou destrutiva (vaidade, preconceito, inveja, ciúme). Muitas vezes, o que fere, como sabemos, não é tanto o que se fala, mas o como se fala.
    lDiante dos conflitos de opinião, lembrar dos fundamentos, das concepções subjacentes (isto ajuda a tirar a discussão do plano pessoal).
    lO conflito cognitivo, o embate das ideias, é uma das bases para o avanço do conhecimento, da ciência, da filosofia. Portanto, é uma prática muito saudável. Todavia, não pode ser confundido com conflito pessoal (como aquelas brincadeiras infantis de “Ficar de mal”). Nada mais natural que, depois de uma acalorada discussão, os professores saiam juntos para tomar café.
    lNeste momento, insistimos, estamos construindo o QSN. A forma de trabalhar com ele, o tratamento metodológico, a prática concreta, caberá, posteriormente, a cada escola decidir, nos seus momentos de planejamento e trabalho coletivo.
    lLembrar que nossa referência maior não são os professores, nem os gestores, os funcionários, a Secretaria de Educação, o Sindicato ou o Partido, mas as crianças, os jovens e adultos, nossos alunos, no horizonte de um projeto libertador.

    Algumas Técnicas de Trabalho
    lPara não polarizar a discussão, procurar não se posicionar inicialmente. Favorecer o circular da palavra no grupo. Prestar atenção nas pessoas, para ver reações diante da fala de colegas. Incentivar que pessoas se expressem (ajudar a romper inércia, medo ou omissão dos colegas professores).
    lPor respeito ao grupo, ao invés de dizer “Entenderam?”, perguntar “Fui claro?”, trazendo para si a responsabilidade da clareza na exposição das ideias.
    lQuando alguém do grupo fizer uma pergunta, ao invés de se aproximar, afastar-se da pessoa, levando-a a fazer a colocação de maneira que se dirija a todos (e não só para o coordenador, o que poderia dispersar os outros).
    lPara não ficar sobrecarregado e poder dedicar-se mais intensamente à tarefa de mediação, solicitar a ajuda de alguém do grupo para controlar o tempo (orientando, no entanto, para não cair num formalismo que esteriliza a participação).
    lSolicitar também ajuda de uma ou duas pessoas no registro das participações do grupo (podendo até ter uso de gravador, se os participantes assim concordarem).
    lSe a discussão de algum item ficar muito forte, o PCP pode sugerir que se faça um rápido cochicho ou um pequeno grupo, para que as pessoas possam se manifestar mais intensamente e assim ganhar-se clareza para a definição. A participação no grande grupo normalmente não é de todos.
    lUma estratégia interessante na condução dos trabalhos, quando há um mínimo de clima de liberdade, é a busca do consenso, ao invés da votação. Aparentemente, a votação é mais democrática, mas pode não ser bem assim. É certo que é uma forma mais rápida de se resolver impasses, porém há o risco de empobrecer o debate, além de criar divisões no grupo (os que venceramversus os que perderam). Se a decisão vai ser tomada por votação, quando o outro está falando, minha tendência é prestar atenção aos pontos falhos de seu discurso para explorá-los quando assumir a palavra. Se a decisão for por consenso, enquanto o outro fala, estou prestando atenção naquilo que pode ser aproveitado do discurso dele, naquilo que ele se aproxima de minhas convicções a fim de chegarmos a pontos comuns. Por isto, a votação é recomendada apenas em último caso.
    lNas justificativas das alterações, cuidado com “chavões” (“construtivismo”, “letramento”, etc.). Corre-se o risco de, ao quererem dizer tudo, nada comunicarem em termos mais substanciais. Orientar no sentido de dizer o que entende por aquilo, se usar um termo mais técnico ou específico.
    lNão “comprar brigas” secundárias. Estar atento ao que é essencial. Não brigar por palavras, por termos, mas pelas ideias, pelas concepções subjacentes.
    lDurante as discussões, podemos nos envolver a ponto de ter um impulso agressivo, do qual depois teremos de nos desculpar com o grupo e, em especial, com o colega em questão. Há situações em que nós mesmos não entendemos nossos atos. Isto nos remete àquelas reflexões sobre nossas dimensões sim-bólica/dia-bólica (Boff), sapiens/demens (Morin). Poderíamos tentar explicar nossas preocupações naquele momento (outro colega estava sendo colocado em situação difícil, busca de clareza metodológica, ou ainda a questão do tempo, já que a reunião tinha se estendido mais do que o previsto, etc.), mas nada pode justificar. Para tentar reverter o constrangimento de uma pessoa, constrangemos outra... Se buscamos um referencial humanista, democrático, não podemos, em nome de deixar clara uma ideia, “atropelar” uma pessoa; isto é uma contradição com o próprio pressuposto humanista da educação.
    lNo processo de interação com os professores, procurar ter um olhar de compreensão, e não de acusação, de condenação: antes de estabelecer um juízo de valor, dialogar, procurar entender as razões de determinada prática ou atitude (afinal, não é isto que desejamos que façam com os alunos também?). Muitas vezes, por exemplo, o PCP se indispõe com o professor a partir do julgamento imediato da contradição entre aquilo que ele fala e o que ele faz. Frequentemente, este descompasso não advém de um problema moral, de falsidade (dizer uma coisa e conscientemente fazer outra), mas epistemológico (níveis de consciência: a desejada superficial versus a equivocada enraizada). O desafio que se coloca aqui é duplo: desconstruir a concepção equivocada enraizada e internalizar a concepção emancipatória desejada; Cabe lembrar que construção/desconstrução de concepções não é um exercício meramente teórico, reflexivo. Envolve, evidentemente, a reflexão, mas passa pela sensibilidade, pelo afeto, pelo desejo, pelas práticas, pelos recursos, pelas estruturas.
                
    A perspectiva de processo é muito importante (“ninguém chega lá partindo de lá”): aproximações sucessivas, começar a mudar aos poucos; valorizar os passos pequenos, porém concretos e coletivos na nova direção. Avançar mais onde for possível. Ao mesmo tempo, não se acomodar ao que já se alcançou. Impaciente paciência histórica. Aprender com os próprios erros. O coordenador que queremos ser, ainda não somos (plenamente). Estamos sempre nos fazendo, à medida que incorporamos o mote socrático conhece-te a ti mesmo,(ou torna-te quem tu és), a autocrítica.


    Bibliografia
    VASCONCELLOS, Celso dos S. Sobre o Papel da Supervisão Educacional/Coordenação Pedagógica. In: Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 11aed. São Paulo: Libertad, 2010.
    __________ Metodologia de Elaboração do PPP. In: Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, 21ª ed. São Paulo: Libertad, 2010.
    __________ Currículo: A Atividade Humana como Princípio Educativo, 3ª ed. São Paulo: Libertad, 2011.
    __________ Indisciplina e Disciplina Escolar: fundamentos para o trabalho docente. São Paulo: Cortez, 2009.
    __________ O Coordenador Pedagógico na Escola. Disponível em:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=53&idCategoria=8(acesso em 08/12/11).

    Prof. Celso dos Santos Vasconcellos é Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista, professor convidado de cursos de graduação e pós-graduação, responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica. www.celsovasconcellos.com.br

    segunda-feira, 8 de outubro de 2012


    domingo, 7 de outubro de 2012

    Amanda Gurgel, que ficou conhecida como professora do Youtube', é eleita a vereadora mais votada de Natal

    Professora Amanda Gurgel, do PSTU (Foto: Caroline Holder/G1)
    A professora estadual Amanda Gurgel, candidata a vereadora em Natal pelo PSTU, foi eleita neste domingo (7), em números absolutos, a vereadora mais bem votada da história do Legislativo Municipal. Foram exatos 32.819 mil votos, o equivalente a 8,59% dos votos válidos. Amanda Gurgel ganhou notoriedade depois de um vídeo postado no Youtube, onde ela se pronuncia a respeito da atual situação da Educação no Rio Grande do Norte. Na rede, o vídeo soma mais de 200 mil visualizações. Com o sucesso, a professora foi convidada para programas de rede nacional, como o Domingão do Faustão, em maio de 2011, além de entrevista ao Globo News.

    Com a votação, a candidata do PSTU ainda conseguiu, devido ao coeficiente eleitoral, levar para a Câmara de Natal mais dois vereadores da coligação PSOL - PSTU. "Eles vão se juntar à minha voz na Câmara", disse ela. Para Amanda, a divulgação do vídeo foi "preponderante" para sua eleição. Ao G1, ela também disse acreditar que só conseguiu espalhar suas ideias entre os eleitores através do pronunciamento. Contudo, ela afirma que não esperava uma quantidade tão expressiva de votos.

    "Foi surpreendente!", exclamou. Por fim, a eleita disse que vai entrar na CMN para fazer um mandato socialista, baseando-se nos desejos dos trabalhadores. "Vamos preparar o terreno para que os trabalhadores peguem a política nas mãos e não se sintam estranhos no Legislativo", declarou, acrescentando que também vai defender a destinação de 30% do Produto Interno Bruto para a educação. "Disso eu não abro mão", complementou.

    Um bom exemplo a ser seguido

    EDUCAÇÃO NA MÍDIA

     
    08 de outubro de 2012



    ISADORA FABER: 'SÓ PORQUE É ESCOLA PÚBLICA TEM QUE SER RUIM?'

    Adolescente que virou notícia ao denunciar no Facebook os problemas do colégio dá entrevista

    Fonte: O Globo (RJ)
    “Olha, a Isadora escreve bem, é articulada na internet, mas é muito, muito tímida para dar entrevistas”, adverte a mãe da jovem Isadora Faber, de 13 anos, antes de passar o computador conectado ao Skype para a filha. A produtora Mel Faber não tentava apenas protegê-la do assédio da imprensa. Depois que a jovem, inspirada numa blogueira escocesa de 9 anos, criou uma página no Facebook em agosto para denunciar as condições precárias da escola pública que frequenta, em Florianópolis, forçando a prefeitura a providenciar melhorias, a mãe também a prepara para enfrentar as consequências do seu ato. O que significa, no mínimo, encarar muitas entrevistas.
    Em pouco mais de dois meses, a página de Isadora já recebeu 322 mil curtidas. Sua iniciativa repercutiu em todo o país, levando outros estudantes a criarem páginas semelhantes. Até o jornal francês “Le Monde” elogiou a disposição da pequena Lisa Simpson catarinense. Mas este foi o lado bom da história. Isadora enfrentou críticas de muitos colegas de classe, pais e professores, que não aprovaram tanta exposição. Acusada de calúnia por uma professora, teve de prestar depoimento numa delegacia, acompanhada de seu pai. Tímida, sim, mas nada acuada, Isadora diz que ainda há muito o que fazer.
    O Globo: Depois de fazer a página no Facebook sozinha, conseguir que os reparos fossem feitos (maçanetas foram colocadas no banheiro, fiações recuperadas, bebedouros trocados e professores contratados), você ainda foi parar numa delegacia para se defender. Isso te desanima a continuar?
    Tem muita gente que me apoia, diz que o que estou fazendo está certo, então vou seguir fazendo. O que mais quero é que outros alunos de escolas públicas também façam o mesmo para arrumarem suas escolas. Só porque é escola pública tem que ser ruim?

    Como é na sala de aula? Seus colegas ficam com medo de você escrever tudo o que acontece na página?
    Na minha sala, pelo menos, meus colegas me apoiam. É mais chato no recreio. Eu percebo que os alunos mais velhos ficam comentando...

    O que ainda falta resolver na sua escola?
    Eu acho que ainda dá para melhorar muito. Essa situação dos professores que faltam, principalmente.

    Pensa em mudar de escola?
    Não, quero continuar aqui.

    A página “Diário de classe” mudou sua rotina como estudante?
    Não. Sigo indo normal. Gosto mais das aulas de História, Geografia e Educação Física, menos das de Matemática. Continua tudo normal.

    O que você faz nas horas vagas?
    Eu tô sempre com alguns amigos, a gente sai pra passear com meu cachorrinho... Só tenho que separar um tempinho no dia para dar uma olhada na página (Isadora tenta responder a cada uma das centenas de mensagens que recebe por dia).

    O que você vai ser quando crescer?
    Eu gosto de denunciar os problemas, para tentar arrumar as coisas. Eu quero muito ser jornalista.

    O que te deixa mais feliz com essa história toda?
    Saber que as pessoas gostam do meu trabalho, receber o apoio delas.

    E o que te deixa mais triste?
    Os meus colegas da escola que não me apoiam. O fato de acharem que o que estou fazendo é contra a escola, não a favor.

    Muitos jovens fizeram páginas parecidas em outras cidades do Brasil. Você acha que isso pode ser o início de uma revolução?
    Espero que sim. Eu até criei um grupo de discussão para ajudar quem quer fazer uma página parecida. Eles perguntam como começar, e eu dou dicas, digo para sempre fotografar e explicar o problema, por exemplo, e evitar fazer acusações pessoais.



    Ensino fundamental

    Professor brasileiro é um dos mais mal pagos do mundo

    Estudos internacionais apontam que o rendimento anual do docente do ensino fundamental no Brasil é apenas 10% do que recebe um professor na Suíça

    Como em uma empresa - escola de São Paulo: bônus para os que atingem as metas
    No Brasil, professor tem renda abaixo da renda média dos demais cidadãos (Claudio Gatti)
    Professores brasileiros em escolas de ensino fundamental têm um dos piores salários de sua categoria em todo o mundo e recebem uma renda abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nacional. É o que mostram levantamentos realizados por economistas, por agências das Nações Unidas, do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Prestes a comemorar o Dia Internacional do Professor, na sexta-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta, apontando que a profissão em vários países emergentes está sob ameaça diante dos salários baixos.
    Em um estudo realizado pelo banco UBS em 2011, economistas constataram que um professor do ensino fundamental em São Paulo ganha, em média, 10.600 dólares ao ano. O valor é apenas 10% do que ganha um professor nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa categoria em Zurique seria de 104.600 dólares ao ano. Em uma lista de 73 cidades, apenas 17 registraram salários inferiores aos de São Paulo, entre elas Nairobi, Lima, Mumbai e Cairo. Em praticamente toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores ao de um professor do ensino fundamental em São Paulo.
    Guy Ryder, o novo diretor-geral da OIT, emitiu um comunicado na quarta-feira no qual apela para que governos adotem estratégias para motivar pessoas a se tornarem professores. Sua avaliação é de que, com salários baixos, a profissão não atrai gente qualificada. O resultado é a manutenção de sistemas de educação de baixo nível. "Muitos não consideram dar aulas como uma profissão com atrativos", disse. 
    Outro estudo - liderado pela própria OIT e pela Unesco (órgão da ONU para educação, ciência e cultura) e realizado com base em dados do final da década passada - revelou que professores que começam a carreira no Brasil têm salários bem abaixo de uma lista de 38 países, da qual apenas Peru e Indonésia pagam menos. O salário anual médio de um professor em início de carreira no país chegava a apenas 4.800 dólares. Na Alemanha, esse valor era de 30.000 dólares ao ano. Em um terceiro levantamento, a OCDE apontou que nos países ricos, professores do ensino fundamental com mais de 15 anos de experiência ganhavam emmédia 39.000 dólares ao ano em 2009. 
    Em uma comparação com a renda média nacional, os salários dos professores do ensino fundamental também estão abaixo da média do país. De acordo com o Banco Mundial, o PIB per capita nacional chegou em 2011 a 11.600 dólares ao ano. O valor é 1.000 dólares a mais que a renda de um professor, segundo os dados do UBS. Já a OCDE ressalta que professores do ensino fundamental em países desenvolvidos recebem por ano uma renda 17% superior ao salário médio de seus países, como forma de incentivar a profissão.
    Na Coreia do Sul, os salários médios de professores são 121% superiores à média nacional. O Fórum Econômico Mundial apontou recentemente a Coreia como uma das economias mais dinâmicas do mundo e atribuiu a valorização da educação como um dos fatores que transformaram uma sociedade rural em uma das mais inovadoras no século 21. 
    O valor do salário do professor em São Paulo é de cerca de 1.780 reais ao mês, valor superior ao piso nacional do magistério. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Educação (MEC) fixou em 1.451 reais mensais o rendimento dos professores, um reajuste de 22,22%. Para o pesquisador Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), o aumento do salário não melhoraria necessariamente o resultado das escolas. As transformações, para ele, precisam ser mais profundas. "Mas é claro que, se tiver um patamar mais alto de rendimentos, já vai ser possível recrutar gente mais qualificada nas próximas seleções."
    (Com Agência Estado)
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