segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Aprender mais para ensinar melhor.
Escola: ambiente transformador

                        A escola, por excelência, é entendida sendo um espaço para aprender e ensinar. Prevendo a formação cultural e científica das crianças e jovens. Possibilitando aos mesmos, contato com uma cultura provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem e pela ética.
                        A educação brasileira, busca de maneira sistematizada, assegurar aos seus alunos, um ensino de qualidade. Revendo conceitos e reestruturando as práticas pedagógicas e valorizando os saberes dos educandos.
                        As novas diretrizes curriculares, a Lei de Diretrizes e Bases-9.394/96 e os Parâmetros Curriculares Nacionais, são referenciais para a escola formular e reformular suas propostas de trabalho, tendo como objetivo, a formação plena do sujeito. A busca por novas formas de ensinar e aprender, é uma necessidade para garantir o processo de construção de aprendizagem significativa.
                        Diante dos pontos abordados, nota-se a importância da formação continuada dos profissionais da educação, em particular, o professor, sendo ele quem opera a legitimação do saber. Saber que constrói os conhecimentos ao longo da vida.
                        Em síntese, investir na formação do professor e rever as práticas pedagógicas, é possível assegurar uma educação de qualidade. Por meio de um trabalho coletivo, envolvendo a família, também. Com isto, cada ação didática terá um valor crítico para o aluno, proporcionando o seu preparo para o pleno exercício de sua cidadania.
Iêda Francisca Lima de Farias

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Trabalho apresentado no X Congresso Internacional de Tecnologia na Educação
4, 5 e 6 de setembro de 2012 - Centro de Convenções - Recife/PE


O USO DO COMPUTADOR COMO INSTRUMENTO INCENTIVADOR NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Iêda Francisca Lima de Farias
Emmanuel do Nazareno da Silva Alves
Vera Lúcia Freire Pessoa


Resumo

O presente artigo aborda a experiência desenvolvida com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 2º e 3º período, na Escola Municipal Joaquim Gomes Sobrinho – Canguaretama/RN, tendo como objetivo superar as dificuldades de aprendizagem dos educandos, estimular a leitura e a escrita, diminuir a evasão escolar e inseri-los no mundo da informática. Como embasamento teórico, adotou-se o pensamento de Paulo Freire, a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/96), Arroyo (2003), Delors (1996), Perrenoud (2000). A metodologia foi desenvolvida por meio de oficinas pedagógicas, fazendo uso de projetor de multimídia, computador e máquina fotográfica. Os resultados demonstraram que o computador é uma ferramenta de aprendizagem atraente e significativa para alfabetização na EJA, tendo o educador o papel de motivador, contribuindo para fortalecer a autoestima dos discentes e valorizando-os como sujeitos sociais.
Palavras - chave: Computador, Alfabetização, Educação de Jovens e Adultos.


Abstract

Summary this article discusses the experience developed with students from youth and adult education (EJA) 2nd and 3rd period, at Escola Municipal Joaquim Gomes Sobrinho – Canguaretama/RN, aiming to overcome learning difficulties of students, encourage reading and writing, reduce school dropouts and insert them in the computer world. As theoretical foundation, it took the thought of Paulo Freire, the law of guidelines and Bases (Law 9,394/96), Arroyo (2003), Delors (1996), Perrenoud (2000). The methodology was developed through educational workshops, making use of multimedia projector, computer and camera. The results showed that the computer is an attractive and meaningful learning tool for literacy in the EJA, having the educator role as motivator, helping to strengthen the self-esteem of students and valuing them as social subjects.
Keywords: computer, literacy, youth and adult education.


Introdução

       As demandas da sociedade informatizada aumentam os desafios enfrentados cotidianamente pelos cidadãos não alfabetizado ou pouco letrados. Propiciar que os jovens e adultos com baixo nível de letramento apropriem-se das tecnologias da informação e comunicação, na medida de suas necessidades e interesses, tornou-se um dever da sociedade.
A educação como direito de todos e dever do estado (Lei de Diretrizes e Bases-Lei nº 9.394/96), sem dúvida, foi um marco de grande relevância, mas ainda carecemos de políticas para a diversidade. Como se pode falar em direitos se não se reconhece as diferenças, as diversidades de cada sujeito? O que se pretende é a formação humana com acesso ao universo de saberes científico, “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” (LDB, Lei nº 9.394/96), sendo essa a função da escola, historicamente e socialmente construídos, que permita ao cidadão compreender o mundo, posicionar-se criticamente e nele atuar para melhorar suas condições de vida. Diante dessa premissa, “nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados”. (FREIRE, 1983, p. 61).
Cabe aos gestores e educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) refletir de forma crítica e criativa sobre como as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) podem contribuir para a prática pedagógica. Tendo em vista a necessidade de se viver no mundo letrado, saber ler e escrever não é o suficiente para atender as demandas da sociedade. A inserção de tecnologias nas escolas torna-se importante para a apropriação das práticas sociais de leitura e escrita, na vida pessoal e profissional do sujeito de maneira significativa.
Segundo Perrenoud (2000, p. 128),


Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e análise de textos e de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação.


O uso de ferramentas tecnológicas na escola tem um significado muito amplo, não é só saber usá-las. Trata-se de aproximar os alfabetizandos dos objetos cognoscíveis, com base nas vivencias do cotidiano e nas suas necessidades, tornando-se produtor de novos saberes. A este respeito, Freire (1995) comenta que
Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito de sua própria história.


Considerando que a função da escola é formar cidadãos, reforça-se então a necessidade de se fundamentar nos princípios dos quatro pilares da educação propostos por Delors (1996, p. 89-102), que são: aprender a conhecer, o que significa aprender a aprender para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida; aprender a fazer, para adquirir não somente uma qualificação profissional, mas também, as competências que tornem a pessoa apta a enfrentar diversas situações e a trabalhar em equipe; aprender a conviver, desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, preparar-se para gerir conflitos, na compreensão mútua e da paz; e aprender a ser, para desenvolver a sua personalidade e estar à altura de para agir cada vez mais com autonomia.
Tendo em vista que os sistemas educativos tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, é importante que o professor como facilitador e motivador desenvolva atividades práticas, fazendo uso de recursos didáticos que despertem no aluno o interesse pela aula, construindo e desconstruindo seus conhecimentos, criando e recriando suas ideias, assim, será possível aperfeiçoar suas habilidades e desenvolver de forma eficiente suas competências básicas para avançar na aprendizagem. Para tanto, segundo Arroyo (2003, p.7).


Quem trabalha na Educação de Jovens e Adultos não atende pessoas desencantadas com a educação, mas sujeitos que chegam à escola carregando saberes, vivências, culturas, valores, visões de mundo e de trabalho. Estão ali também como sujeitos da construção desse espaço que tem suas características próprias e uma identidade construída coletivamente entre educandos e educadores.


Diante dessa premissa, a realização deste projeto se justifica pelo crescente número de alunos da Educação de Jovens e Adultos que abandonam a sala de aula sem concluir o ano letivo no município de Canguaretama/RN. De acordo com uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Educação nos anos 2008 e 2009, o município apresentou um quadro crítico em relação à evasão escolar nas turmas da EJA, provocado por diversos motivos, um dos que mais chamou à atenção foi à metodologia utilizada pelos professores, método enfadonho sem atrativos, que desestimula o aluno e esse por sua vez abandona a sala de aula desacreditando da escola.
Assim sendo, fica evidente a necessidade de desenvolver um projeto que incentive os alunos a acreditarem na sua capacidade de aprender e fazer uso dessa aprendizagem no seu dia a dia. Um trabalho de forma interdisciplinar, articulado com as diversas áreas do conhecimento de maneira contextualizada, tendo por base as temáticas relacionadas ao cotidiano dos alunos, levando-os a ler e escrever sobre sua vida, de maneira dinâmica e prazerosa, possibilitando aos estudantes refletirem sobre o valor e a importância de estudar. Para isso, se pensou em uma ferramenta atrativa que proporcione uma aprendizagem significativa: as novas tecnologias, em particular, o computador. Ao mesmo tempo em que aprendem a ler e a escrever, adquirem competências mínimas para terem acesso às tecnologias digitais proporcionando sua inclusão no mundo da informação.
Sabe-se que o maior desafio da inclusão dos jovens e adultos na era digital é a falta de recursos tecnológicos na maioria das escolas públicas. Para desenvolver um trabalho pedagógico que valorize as experiências dessa faixa etária, refletiu-se a respeito da problemática: como alunos da EJA podem avançar no processo de ensino e aprendizagem fazendo uso do computador, considerando que a escola a qual será executado este projeto conta apenas com uma máquina? Em resposta à problemática, levantou-se uma hipótese: por meio do computador pessoal de cada professor. Esta seria a oportunidade de os estudantes conseguirem compreender melhor a importância da leitura, da escrita e a necessidade de conhecer e usar ferramentas tecnológicas. Essa reflexão é fortalecida nas palavras de Freire (1988, p. 90) quando destaca: “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, respeitando os conhecimentos prévios de cada um, as memórias e os saberes construídos ao longo da vida.
Dentro dessa perspectiva, entende-se que a mediação pedagógica é atitude e comportamento do professor que assume um papel articulador, incentivador da aprendizagem dos alunos, trabalhando diferentes metodologias e adaptando às diferentes realidades escolares. A este respeito, Perrenoud (2000, p.139) afirma que


As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão de trabalho que não faz mais com que todo o investimento repouse sobre o professor, uma vez que tanto a informação quanto a dimensão interativa são assumidas pelos produtores dos instrumentos.


Dessa forma, o objetivo deste trabalho está voltado para a superação das dificuldades na aprendizagem dos alunos da EJA, trabalhando a autoestima e a cidadania, possibilitando sua inserção no mundo da tecnologia da informação. Sendo o computador uma ferramenta dinâmica, atraente, criativa e pertinente ao atual momento político e econômico, permite que o aluno através da máquina facilite o aprendizado na leitura e na escrita de forma significativa, ampliando cada vez mais os seus conhecimentos, tornando-se melhor qualificado para o mercado de trabalho, alcançando a cidadania plena, a igualdade e a socialização no mundo globalizado, propiciando sua permanência na escola. Sem dúvida, um grande desafio para os alunos, não será aprender a usar a tecnologia, mas usar a tecnologia para aprender, e assim, desenvolver-se como ser humano e viver com qualidade.


Referencial Teórico

É notório que hoje se vive em um mundo dominado pela informação, na qual a valorização do conhecimento científico e o crescente desenvolvimento tecnológico se tornam indispensáveis à formação de cidadãos críticos. Independente do nível de escolaridade do sujeito há espaço para atualização e qualificação, tendo em vista sua participação nesse contexto, não se pode imaginar o processo de ensino e aprendizagem fora da realidade de uma cultura globalizada como a que vivemos.
Assim afirma Mercado (2002, p. 18).


O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as competências e habilidades para lidar com tecnologias. Se a escola não perceber através da interação social, os sinais de transformações e mudanças iminentes correm o risco de marginalizar-se, não acompanhando o progresso educativo que promove o aluno como cidadão, membro de uma sociedade na qual trabalha e consequentemente devem atuar.


Dentro dessa abordagem, a quinta conferência da UNESCO (Organização das Nações Unidas, para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre a educação de adultos, a CONFITEA (Conferência Internacional de Jovens e Adultos) realizada em 1997, em Hamburgo, na Alemanha, agentes governamentais e não governamentais de diversos países firmaram compromissos para a formulação de políticas de acesso às novas tecnologias. A Declaração de Hamburgo aprovada na V CONFITEA, atribui à educação de jovens e adultos o objetivo de despertar a responsabilidade planetária nas pessoas; promover a igualdade dos homens e mulheres; desenvolver a autonomia, possibilitar o acesso à cultura, aos meios de comunicação, à preservação ambiental, aos cuidados com a saúde, contribuir com a formação continuada adequando às novas tecnologias, necessidade socioeconômica e cultural; incorporando a cultura de paz e democracia e assim favorecendo uma participação criativa e consciente dos cidadãos (CONFERÊNCIA, 1999, p. 49-50).
Nos projetos de inclusão digital é importante focar a promoção da habilidade das pessoas em utilizarem os aspectos técnicos para sua melhoria social e de sua comunidade. Considerando que a educação de jovens e adultos não se reduz às técnicas, “mas não se faz educação sem ela” (FREIRE, 1995), utilizar computadores possibilita ao aluno, avançar de maneira crítica, no processo de aprendizagem.
Sendo assim, a fundamentação teórica adotada seguiu a concepção de Paulo Freire (1995), que prioriza as relações entre aluno e professor, e entre aluno e conhecimento. O respeito à experiência e à identidade cultural dos alunos, onde o sujeito é cognoscente em um movimento de superação do senso comum pelo conhecimento mais crítico “em torno do mundo e de si, no mundo e com ele” (p. 17). O homem concreto deve se instrumentar com os recursos da ciência e da tecnologia para melhor lutar “pela causa de sua humanização e de sua libertação” (FREIRE, 1995: 98), tendo como ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos para que, por meio de problematização fosse possível estimular a criticidade, o pensamento e ação consciente sobre o uso do computador. O amparo legal Lei de Diretrizes e Bases-LDB Lei 9.394/96, ratificando o que declara a Constituição Federal, em seu Título III: como reconhecimento do “Direito à Educação e o Dever de educar, VII Oferta de Educação Escolar Regular para Jovens e Adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola”. Apoiou-se também no pensamento de Arroyo (2003), quando defende que é possível construir uma escola para a educação de jovens e adultos, a partir de fatos do cotidiano nos quais emergem dificuldades, expectativas, desejos e propostas relacionadas à aquisição de conhecimento dos envolvidos no processo educacional.


Metodologia

Frente à necessidade de comprovação da eficiência metodológica proporcionada pelo uso dos recursos tecnológicos, o desenvolvimento de atividades de apoio ao processo de ensino da leitura e escrita, fundamentou-se na abordagem problematizadora de Paulo Freire, favorecendo as discussões e leituras reflexivas por meio de oficinas com o objetivo de despertar o interesse do educando.
Sabe-se que a aprendizagem do sujeito se constitui a partir da sua vivência na sociedade. É inegável que o uso de recursos audiovisuais na alfabetização de jovens e adultos, estimula o sentido humano, aguça as habilidades intelectuais, sociais e afetivas dos alunos, possibilitando posicionar-se, decidir, pensar, discordar ou concordar com alguma situação apresentada. Os encontros ocorreram semanalmente, com duração de três horas e meia, totalizando onze aulas.
Dessa forma, o desenvolvimento da sugestão das tarefas foi assim compreendido:
Na primeira aula, além da apresentação da proposta de trabalho, procurou-se saber o conhecimento prévio dos alunos em relação às novas tecnologias, em particular o computador. Seguida de uma discussão grupal relacionada à proposta apresentada, cada aluno comentava seu ponto de vista, apontando a relevância da atividade para a sua aprendizagem.
A fala de alguns alunos deixou claro o interesse sobre o tema, “o uso da tecnologia favorece uma boa aprendizagem”, “não é só na escola que se aprende”. Assim, nota-se que o aluno não vive isolado, ele frequenta vários segmentos da sociedade e a tecnologia permeia esses ambientes.
Ao final, ressaltou-se a importância e a necessidade de apropriar-se desses conhecimentos, considerando que o mundo está em constante transformação e para que o sujeito não seja excluído, se faz necessário adquirir os conhecimentos básicos no que diz respeito à era digital.
Na segunda aula, sugeriu-se uma roda de conversa a título de problematização e reflexão sobre o uso do computador. “O que conhecem sobre informática?” “Quais as experiências que já tiveram com o computador?”, “O conhecimento em informática pode melhorar a vida das pessoas?”, “Até que ponto o uso da tecnologia pode ajudar a melhorar a vida das pessoas?”.
Por meio de imagens, fazendo uso do projetor de multimídia (Data Show), foram apresentados os diversos tipos de suportes tecnológicos utilizados há décadas, tais como: o livro, telefone, máquina de datilografar, rádio, vitrola, disco de vinil, CDs, DVDS, telefone celular, máquina fotográfica e computador, seguida de análise a respeito da utilidade e benefícios das novas tecnologias, no campo profissional, educacional e na medicina.
Assim, foi possível observar a curiosidade e interesse dos alunos em relação ao tema abordado. A oportunidade de visualizar a gama de ferramentas tecnológicas existente no mercado de trabalho contribuiu para que muitos alunos fizessem uma ligação com suas vivências, comparando o passado e o presente e se perguntando como será o futuro.
Na terceira aula, foi exibido o documentário “Alfabetização de Adultos: Mudança qualitativa” Programa Mais Você – Rede Globo (21/12/2009). Após a exibição discutiu-se sobre o vídeo, abordando os pontos mais relevantes, a importância da apropriação da linguagem oral e escrita para a inserção do sujeito no meio social, apontando-se uma questão a título de reflexão: o que pode facilitar ou dificultar a vida de alguém que não sabe ler? Para finalizar, sugeriu-se que cada aluno apresentasse oralmente, seu ponto de vista em relação à problemática abordada.
Na quarta aula, houve a exibição do vídeo: “O computador pode ser um grande aliado na alfabetização de jovens e adultos”, produzido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC: 2009), na qual a Psicolinguista argentina Emília Ferreiro, faz uma abordagem sobre a importância de metodologias inovadoras fazendo uso de ferramentas tecnológicas para a valorização dos alunos da EJA. A escritora sugere que professores e educadores façam uso do computador, para proporcionar aos alunos da Educação de Jovens e Adultos, uma aprendizagem significativa.
Em seguida, os alunos fizeram o conhecimento e reconhecimento das partes operacionais do computador, manuseio do mouse, ligar/desligar e observar o teclado, parte primordial para a iniciação às atividades de alfabetização. Os alunos que já sabiam manusear a máquina se posicionaram como instrutor para os que estavam tendo o contato pela primeira vez, explicando seu uso passo a passo, digitação de letras, números e palavras conhecidas.
Na quinta aula, desenvolveu-se uma atividade de verificação de aprendizagem, na qual se sugeriu aos alunos a digitação do próprio nome, seguida de pequenas palavras, pequenas frases e pequenos textos, sempre com o acompanhamento e orientação do professor. Prática que teve como objetivo, desenvolver a coordenação motora e a interação aluno/máquina, tendo em vista que alguns alunos apresentavam dificuldades para manusear o mouse e o teclado.
A informática deve ser vista como um instrumento de interação com o educando, uma vez que o conhecimento não é transmitido, e sim estabelecido progressivamente por meio de práticas, resultando na construção e reconstrução do conhecimento.
Na sexta aula, visitou-se uma agência bancária, a fim de favorecer a familiarização dos educandos com o caixa eletrônico, tendo em vista que muitos alunos não sabiam utilizar a máquina, foi possível retirar extrato, simular depósito e saque usando o cartão eletrônico.
Essa atividade possibilitou ao aluno sair do cotidiano da sala de aula, causando uma expectativa significativa o fato de trabalhar com uma ferramenta tecnológica, proporciona um entendimento prazeroso, o aluno aprende sem preocupar-se com a obrigatoriedade de memorizar conteúdos para fazer uma avaliação.
Para ampliar os conhecimentos sobre o sistema de escrita, na sétima aula sugeriu-se um ditado de palavras. A realização da atividade deu-se em duplas por computador, com o objetivo de um ajudar ao outro. Essa tarefa possibilitou aos alunos, a troca de experiências e discussões relacionadas à grafia das palavras. Aprenderam rapidamente o uso do recurso da borracha, apagando diversas vezes, sempre que observavam a falta de letra ou sílaba. Finalizando com a socialização de opiniões: as facilidades e dificuldades na digitação.
Na oitava aula, visitou-se a biblioteca pública da cidade. Esta atividade objetivou apresentar aos alunos um espaço acolhedor e atraente, de modo a conhecer a forma de organização do acervo, seus serviços, programação cultural.
Com o advento das mídias digitais, computadores e a internet, muitas bibliotecas têm caído no esquecimento, sendo substituída por acervos digitalizados. Porém, o livro ainda permanece sendo uma ferramenta de grande valor acessível a todas as pessoas em qualquer lugar.
Assim, nota-se a importância de apresentar para o alunado, o quanto os livros são importantes para a formação cultural e também para a formação de uma pessoa como cidadã, é na biblioteca, em meio à diversidade de livros que um mundo diferente é descoberto pelas crianças, jovens e adultos.
Na nona aula, programou-se uma atividade por meio do computador, oportunizando aos alunos a produção de texto relatando os conhecimentos adquiridos ao longo das aulas. Mediados pelo professor, foi possível perceberem a utilização do computador como uma ferramenta que possibilita o aprendizado da leitura e da escrita, uma vez que facilitará o reconhecimento dos símbolos em textos impressos que circulam nos meios de comunicações.
A décima aula, foi dedicada à gravação de um vídeo, com o depoimento dos discentes acerca da experiência com as novas técnicas de aprendizagem utilizando o computador e o que significou para eles.
Na décima primeira aula, foi feito o fechamento das atividades com a socialização e exibição do vídeo produzido anteriormente para todos os alunos. Para Piaget (1977) a “socialização significa a possibilidade de o indivíduo trocar e compartilhar efetivamente significados e submeterem-se as regras morais” confirmou-se que o uso da tecnologia, em particular o computador, além de permitir o acesso dos alunos a mais uma prática de leitura e escrita, permite também, sua utilização nas práticas de letramento.


Resultados

No processo de desenvolvimento das oficinas foi possível observar dois campos:
Campo positivo: na aplicação e execução do projeto observou-se a satisfação dos educandos com a proposta de trabalho, o entusiasmo para fazer uso do computador, o que proporcionou refletirem sobre a importância e a necessidade da aquisição de novos conhecimentos, novas formas de aprender a ler e escrever, novas habilidades e atitudes diante de uma nova ferramenta de ensino capaz de possibilitar uma aprendizagem significativa e de forma prazerosa.
Campo negativo: quanto ao uso do computador, encontramos algumas dificuldades na apropriação de tal veículo de conhecimento, tais como o fato de a escola não dispor de um laboratório de informática. Dessa forma, as atividades foram executadas apenas com dois computadores de propriedade dos professores, uma motivação para que os educandos participassem de fato da proposta de trabalho.
Contudo existe um esforço por parte dos professores em desenvolver e executar projetos pedagógicos que possibilite uma nova visão aos alunos da educação de jovens e adultos, permitindo que eles sejam capazes de usar com racionalidade a tecnologia, voltando-a a seu favor, considerando que na EJA as possibilidades de aproveitar as experiências daqueles que tem uma história de vida é fundamental para o pleno desenvolvimento de sua cidadania.


Considerações Finais

Os jovens e adultos quando entram na educação formal, tem certas prioridades e urgências em aprender e fortalecer os conhecimentos prévios. Observa-se a necessidade de utilizar recursos que acelere seu aprendizado de maneira que os alunos adultos sintam-se motivados e não desanimem no processo, mas perceba que seu objetivo está sendo atingido rápido e continuamente.
É importante despertar a consciência crítica/reflexiva desses alunos enquanto agentes de transformação social, assumindo a percepção de mudança do mundo, partindo para a prática consciente de seu papel no meio social (FREIRE, 1997). Considera-se, que a utilização do computador como ferramenta para o processo de aprendizagem da leitura e da escrita é uma excelente estratégia para garantir a permanência do aluno na escola e possibilitar uma aprendizagem prazerosa e significativa.
Sabe-se que as propostas de trabalho com jovens e adultos aliados a suportes tecnológicos é um meio interessante, para além de aprender a ler e a escrever, com o avanço da informática é de vital importância que os estudantes sejam também, alfabetizados no mundo digital.
Conclui-se que este projeto contribuiu para fortalecer a autoestima dos alunos, manifestando entusiasmo e interesse nas aulas. Para tanto, é preciso que o educador seja um agente de motivação. É preciso inovar, estimular os alunos, fugir da mecanização. Proporcionando situações de aprendizagens que façam sentido para os jovens e os adultos. Aproveitar a experiência de vida de cada um, elevar a autoestima, para que o educando seja capaz de atuar de forma consciente na sociedade e melhorar sua qualidade de vida, são ações que o professor deve desenvolver para fazer a diferença na sua prática educativa.


Referências 
ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS: mudança qualitativa. Mais Você. Rio de Janeiro: Rede Globo, 21 de dezembro de 2009. Programa de TV.
ARROYO, Miguel. Uma escola para jovens e adultos. Conferência - Reflexão sobre a Educação de Jovens e Adultos na perspectiva da proposta de Reorganização e Reorientação curricular, SP, 2003.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei Federal nº 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 20 de dezembro de 1996.
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS (V: 1997: Hamburgo, Alemanha): Declaração de Hamburgo: agenda para o futuro. Brasília: SESI/UNESCO, 1999.
DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez. p. 89-102, 1996.
FREIRE, Paulo. A Educação na cidade. 2. Ed. São Paulo, Cortez, 1995.
______ . Educação e mudança. GADOTTI, Moacir; MARTIN, Lílian Lopes. (trad.) Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
______ . Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
______ . Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1988.
MERCADO (org.), Luís Paulo Leopoldo. Novas Tecnologias na Educação: reflexões sobre a prática. Maceió; EDUFAL, p.18, 2002.
Ministério da Educação e Cultura (MEC). O computador pode ser um grande aliado na alfabetização de adultos. /língua-portuguesa/alfabetização-inicial/computador-pode-ser-grande-aliado-alfabetização-adultos-515592.shtml> Acesso em 12 out. 2011.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PIAGET, Jean. O desenvolvimento do pensamento: equilibração das estruturas cognitivas. Lisboa: Dom Quixote, 1977.

terça-feira, 11 de setembro de 2012


Tecnologia Na Educação Participantes comemoraram sucesso do evento


Depois de 45 atividades, divididas entre palestras, conferências e minicursos, os 3.690 participantes do X Congresso Internacional de Tecnologia na Educação começam a se despedir. Vindos de 222 municípios brasileiros, espalhados por 26 estados do país (somente Roraima não teve representantes no encontro), os congressistas começam a traçar planos para a próxima edição, marcada para setembro de 2013.

X Congresso Internacional de Tecnologia na Educação

"A edição deste ano foi um sucesso! A surpresa na abertura, com a participação de Nando Cordel, foi emocionante. Além disso, conseguimos colocar a sustentabilidade, um tema que precisa ser debatido desde cedo, na pauta", comentou o coordenador do congresso, Arnaldo Mendonça.

“As palestras que assisti foram excelentes. A seleção foi muito bem feita. Gostei tanto que pretendo vir ao próximo encontro”, disse Delene Barbosa, engenheira agrônoma, professora do IFPE e instrutora do Sebrae. Delene apontou a conferência de Leo Fraiman como sua favorita.

Somada a programação dos três dias, foram apresentadas nove conferências, 20 palestras simultâneas e 16 minicursos. Para a educadora Débora Rodrigues, as palestras da Teresinha Rios e Mozart Neves Ramos se destacaram. “Pretendo voltar ano que bem. O congresso foi excelente. Vou poder levar o conteúdo daqui para a sala de aula”, comentou Débora, que é professora de matemática da Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes.

Não só os congressistas saíram satisfeitos com o evento. Os expositores do Salão de Tecnologia e Empreendedorismo comemoraram o sucesso do evento. “Conseguimos vender tudo e atingimos um bom lucro”, contou Raquel Barboza, expositorea do “Semeando o Futuro/ Fafire”.