quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Educação Superior

Educação Básica

Educação Profissional e Tecnológica

  • Rede Federal
  • Graduação Tecnológica
  • Técnico de Nível Médio
  • Palavras-chave: Legislações, mec

    Um em cada 12 jovens na América Latina e Caribe não completa ensino fundamental, mostra UNESCO

    fundamentalMais de 8 milhões de pessoas com idade entre 15 e 24 anos na América Latina e Caribe não completaram o ensino fundamental e precisam de caminhos alternativos para adquirir habilidades básicas para emprego e prosperidade. Isso equivale a quase um em cada 12 jovens numa região onde quase metade da população tem menos de 25 anos. Nos países em desenvolvimento, este número chega a 200 milhões, o que representa 20% dos jovens. Os dados são do 10º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, lançado nesta terça-feira (16) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
    No mundo todo, um em cada oito jovens está desempregado e mais de um quarto está preso em trabalhos que os deixam na linha da pobreza ou abaixo dela. Enquanto os efeitos da crise econômica global continuam a ser sentidos, a profunda falta de qualificação juvenil torna-se mais nociva do que nunca.
    O relatório mostra que os jovens necessitam das habilidades básicas ensinadas nas escolas para que encontrem empregos decentes. Na América Latina e no Caribe, quase 2,7 milhões de crianças ainda estão fora do ensino fundamental e 1,7 milhão de adolescentes estão fora do ensino médio, perdendo a chance de adquirir habilidades vitais para um emprego.
    “Estamos testemunhando uma geração jovem frustrada pela disparidade crônica entre habilidades e emprego. A melhor resposta para a crise econômica e o desemprego juvenil é assegurar-se de que os jovens adquiram as habilidades básicas e a capacitação relevante de que necessitam para adentrar o universo do trabalho com confiança”, disse a Diretora-Geral da UNESCO, Irina Bokova.

    Financiamento da educação em crise

    De acordo com a diretora do relatório, Pauline Rose, governos e empresas precisam trabalhar para combater a crise no financiamento da educação. “Existem sinais preocupantes de que a ajuda à educação esteja minguando justamente agora quando crianças e jovens mais precisam”, disse. “O setor privado será o primeiro a se beneficiar de uma mão de obra qualificada e também deve aumentar seu apoio financeiro.”
    O documento calcula que, além dos 16 bilhões de dólares necessários para alcançar o ensino fundamental universal até 2015, a matrícula universal no ensino médio custaria 8 bilhões de dólares. A oferta de programas que oferecem caminhos alternativos para a capacitação também precisa aumentar drasticamente.
    Fonte: ONU BR.
    PROFESSOR COORDENADOR PEDAGÓGICO


    Revisto e Ampliado - dez./2011

    O Professor Coordenador Pedagógico como Mediador do Processo de Construção do Quadro de Saberes Necessários
                                                                                 Prof. Celso dos S. Vasconcellos

    O Professor Coordenador Pedagógico (PCP) é o intelectual orgânico do grupo, qual seja, aquele que está atento à realidade, que é competente para localizar os temas geradores (questões, contradições, necessidades, desejos) do grupo, organizá-los e devolvê-los como um desafio para o coletivo, ajudando na tomada de consciência e na busca conjunta de formas de enfrentamento. O intelectual orgânico é aquele que tem um projeto assumido conscientemente e, pautado nele, é capaz de despertar, de mobilizar as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso. Em grandes linhas cabe ao coordenador fazer com sua “classe” (os seus professores) a mesma linha de mediação que os professores devem fazer em sala: Acolher, Provocar, Subsidiar e Interagir.
    Cabe ao coordenador desenvolver a sensibilidade para com o outro, buscar, investigar a realidade em que se encontra, conhecer e respeitar a cultura do grupo, suas histórias, seus valores e crenças. Esta prática se aproxima do conceito psicanalítico de maternagem: engendramento do outro, acolher, metaforicamente, dar colo, ser o útero protetor. Por outro lado, ao PCP cabe também o desafiar, o provocar, o subsidiar, o trazer ideias e visões novas, questionar o estabelecido, desinstalar, estranhar as práticas incorporadas (para isto, exige-se sua capacitação: estudo, pesquisa, reflexão crítica sobre a prática). Esta postura se aproxima do conceito psicanalítico de paternagem: ser firme, porto seguro, mobilizar certa dose de agressividade, lutar por suas ideias, trazer a tradição, a norma, a cultura. O coordenador, como todo educador, vive esta eterna tensão entre a necessidade de dirigir, orientar, decidir, limitar, e a necessidade de abrir, possibilitar, deixar correr, ouvir, acatar, modificar-se. Todavia, o dirigir, o orientar, mais do que o sentido restritivo, tem o objetivo de provocar, despertar para a caminhada, para a travessia, para abandonar o aconchego do já sabido, do já vivido.
    Sua função é ajudar a concretizar o Projeto Político-Pedagógico da instituição no campo Pedagógico (integrado com o Administrativo e o Comunitário), organizando a reflexão, a participação e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma que a escola cumpra sua função social de propiciar a todos os alunos a:
                              nAprendizagem Efetiva
                              nDesenvolvimento Humano pleno
                              nAlegria Crítica (Docta Gaudium)
     partindo do pressuposto de que todos têm direito e são capazes de aprender.
    Cabe ao PCP coordenar a elaboração e a realização interativa do Projeto Político-Pedagógico da Escola; elaborar o seu plano setorial, qual seja, o Projeto de Trabalho da Coordenação Pedagógica; colaborar com os professores na construção e realização interativa do Projeto de Ensino-Aprendizagem/Plano de Ensino, assim como dos planos de unidade, sequências didáticas, projetos de trabalho, semanários, planos de aula; coordenar as reuniões pedagógicas semanais (Hora-Atividade, Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo); o acompanhamento individual dos professores (supervisão não com sentido de controle autoritário, mas de “outra”-visão); puxar para o todo (superando o foco muito localizado de cada professor); participar da educação da Mantenedora e da Comunidade, etc.
    Um dispositivo institucional fundamental para favorecer a concretização do PPP e a atividade da coordenação é o trabalho coletivo constante, a Hora-Atividade, o tempo coletivo dos educadores na escola, com a presença da direção, coordenação orientação e professores. Fica muito difícil o trabalho da coordenação quando não há este espaço coletivo constante, pois é aqui que as coisas são amarradas, as avaliações feitas, as metas estabelecidas (ex.: alfabetização, diminuição da evasão, do insucesso ao fim do Ciclo, etc.) monitoradas, as intervenções pensadas coletivamente. Para mudar a escola —e a sociedade— precisamos de pessoas e estruturas, estruturas e pessoas. Nãopode haver dicotomia. O PPP e o trabalho coletivo constante são instrumentos que ajudam as pessoas na tão necessária luta pela melhoria da qualidade da prática pedagógica. Sem este espaço, o coordenador corre um sério risco de virar “bombeiro”, “quebra-galho”, “burocrata”, tendo uma ação fragmentada.

    Observações sobre o Processo e o Papel do CPP na construção do Quadro de Saberes Necessários (QSN)
    lTer claro que a tarefa é de todo o grupo da escola e não só do PCP.
    lO PCP não tem obrigação de dominar todos os saberes.
    lO processo de construção coletiva é muito mais complexo do que a elaboração por um grupinho. Todavia, seu valor é muito maior, pois o próprio processo de construção já é uma formação para quem dele participa.
    lTer clareza do objetivo do encontro: concluir esta etapa do processo na escola. Para não dispersar (e levar à frustração), ficar firme no objetivo, ter o foco na tarefa: modificação, exclusão, dúvida ou inclusão de saberes.
    lPara isto, é decisivo que os participantes saibam com bastante antecedência o objetivo do encontro (concluir esta etapa de discussão do QSN na escola). Desta forma, poderão também se preparar para ele de forma coerente.
    lNão ser dogmático, não generalizar. Lembrar sempre das diferenças, da diversidade.
    lToda fala tem pelo menos as dimensões cognitiva e afetiva. O aspecto cognitivo tem a ver com a lógica, com a articulação e fundamentação das ideias, com a força do argumento. O aspecto afetivo tem a ver, primeiro com a energética, com o ânimo, com o grau de entusiasmo de quem se expressa; depois, tem a ver também com um aspecto bastante sutil que é polaridade desta energia, qual seja, se é construtiva (desejo sincero e crítico de ajudar o outro a crescer) ou destrutiva (vaidade, preconceito, inveja, ciúme). Muitas vezes, o que fere, como sabemos, não é tanto o que se fala, mas o como se fala.
    lDiante dos conflitos de opinião, lembrar dos fundamentos, das concepções subjacentes (isto ajuda a tirar a discussão do plano pessoal).
    lO conflito cognitivo, o embate das ideias, é uma das bases para o avanço do conhecimento, da ciência, da filosofia. Portanto, é uma prática muito saudável. Todavia, não pode ser confundido com conflito pessoal (como aquelas brincadeiras infantis de “Ficar de mal”). Nada mais natural que, depois de uma acalorada discussão, os professores saiam juntos para tomar café.
    lNeste momento, insistimos, estamos construindo o QSN. A forma de trabalhar com ele, o tratamento metodológico, a prática concreta, caberá, posteriormente, a cada escola decidir, nos seus momentos de planejamento e trabalho coletivo.
    lLembrar que nossa referência maior não são os professores, nem os gestores, os funcionários, a Secretaria de Educação, o Sindicato ou o Partido, mas as crianças, os jovens e adultos, nossos alunos, no horizonte de um projeto libertador.

    Algumas Técnicas de Trabalho
    lPara não polarizar a discussão, procurar não se posicionar inicialmente. Favorecer o circular da palavra no grupo. Prestar atenção nas pessoas, para ver reações diante da fala de colegas. Incentivar que pessoas se expressem (ajudar a romper inércia, medo ou omissão dos colegas professores).
    lPor respeito ao grupo, ao invés de dizer “Entenderam?”, perguntar “Fui claro?”, trazendo para si a responsabilidade da clareza na exposição das ideias.
    lQuando alguém do grupo fizer uma pergunta, ao invés de se aproximar, afastar-se da pessoa, levando-a a fazer a colocação de maneira que se dirija a todos (e não só para o coordenador, o que poderia dispersar os outros).
    lPara não ficar sobrecarregado e poder dedicar-se mais intensamente à tarefa de mediação, solicitar a ajuda de alguém do grupo para controlar o tempo (orientando, no entanto, para não cair num formalismo que esteriliza a participação).
    lSolicitar também ajuda de uma ou duas pessoas no registro das participações do grupo (podendo até ter uso de gravador, se os participantes assim concordarem).
    lSe a discussão de algum item ficar muito forte, o PCP pode sugerir que se faça um rápido cochicho ou um pequeno grupo, para que as pessoas possam se manifestar mais intensamente e assim ganhar-se clareza para a definição. A participação no grande grupo normalmente não é de todos.
    lUma estratégia interessante na condução dos trabalhos, quando há um mínimo de clima de liberdade, é a busca do consenso, ao invés da votação. Aparentemente, a votação é mais democrática, mas pode não ser bem assim. É certo que é uma forma mais rápida de se resolver impasses, porém há o risco de empobrecer o debate, além de criar divisões no grupo (os que venceramversus os que perderam). Se a decisão vai ser tomada por votação, quando o outro está falando, minha tendência é prestar atenção aos pontos falhos de seu discurso para explorá-los quando assumir a palavra. Se a decisão for por consenso, enquanto o outro fala, estou prestando atenção naquilo que pode ser aproveitado do discurso dele, naquilo que ele se aproxima de minhas convicções a fim de chegarmos a pontos comuns. Por isto, a votação é recomendada apenas em último caso.
    lNas justificativas das alterações, cuidado com “chavões” (“construtivismo”, “letramento”, etc.). Corre-se o risco de, ao quererem dizer tudo, nada comunicarem em termos mais substanciais. Orientar no sentido de dizer o que entende por aquilo, se usar um termo mais técnico ou específico.
    lNão “comprar brigas” secundárias. Estar atento ao que é essencial. Não brigar por palavras, por termos, mas pelas ideias, pelas concepções subjacentes.
    lDurante as discussões, podemos nos envolver a ponto de ter um impulso agressivo, do qual depois teremos de nos desculpar com o grupo e, em especial, com o colega em questão. Há situações em que nós mesmos não entendemos nossos atos. Isto nos remete àquelas reflexões sobre nossas dimensões sim-bólica/dia-bólica (Boff), sapiens/demens (Morin). Poderíamos tentar explicar nossas preocupações naquele momento (outro colega estava sendo colocado em situação difícil, busca de clareza metodológica, ou ainda a questão do tempo, já que a reunião tinha se estendido mais do que o previsto, etc.), mas nada pode justificar. Para tentar reverter o constrangimento de uma pessoa, constrangemos outra... Se buscamos um referencial humanista, democrático, não podemos, em nome de deixar clara uma ideia, “atropelar” uma pessoa; isto é uma contradição com o próprio pressuposto humanista da educação.
    lNo processo de interação com os professores, procurar ter um olhar de compreensão, e não de acusação, de condenação: antes de estabelecer um juízo de valor, dialogar, procurar entender as razões de determinada prática ou atitude (afinal, não é isto que desejamos que façam com os alunos também?). Muitas vezes, por exemplo, o PCP se indispõe com o professor a partir do julgamento imediato da contradição entre aquilo que ele fala e o que ele faz. Frequentemente, este descompasso não advém de um problema moral, de falsidade (dizer uma coisa e conscientemente fazer outra), mas epistemológico (níveis de consciência: a desejada superficial versus a equivocada enraizada). O desafio que se coloca aqui é duplo: desconstruir a concepção equivocada enraizada e internalizar a concepção emancipatória desejada; Cabe lembrar que construção/desconstrução de concepções não é um exercício meramente teórico, reflexivo. Envolve, evidentemente, a reflexão, mas passa pela sensibilidade, pelo afeto, pelo desejo, pelas práticas, pelos recursos, pelas estruturas.
                
    A perspectiva de processo é muito importante (“ninguém chega lá partindo de lá”): aproximações sucessivas, começar a mudar aos poucos; valorizar os passos pequenos, porém concretos e coletivos na nova direção. Avançar mais onde for possível. Ao mesmo tempo, não se acomodar ao que já se alcançou. Impaciente paciência histórica. Aprender com os próprios erros. O coordenador que queremos ser, ainda não somos (plenamente). Estamos sempre nos fazendo, à medida que incorporamos o mote socrático conhece-te a ti mesmo,(ou torna-te quem tu és), a autocrítica.


    Bibliografia
    VASCONCELLOS, Celso dos S. Sobre o Papel da Supervisão Educacional/Coordenação Pedagógica. In: Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 11aed. São Paulo: Libertad, 2010.
    __________ Metodologia de Elaboração do PPP. In: Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, 21ª ed. São Paulo: Libertad, 2010.
    __________ Currículo: A Atividade Humana como Princípio Educativo, 3ª ed. São Paulo: Libertad, 2011.
    __________ Indisciplina e Disciplina Escolar: fundamentos para o trabalho docente. São Paulo: Cortez, 2009.
    __________ O Coordenador Pedagógico na Escola. Disponível em:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=53&idCategoria=8(acesso em 08/12/11).

    Prof. Celso dos Santos Vasconcellos é Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista, professor convidado de cursos de graduação e pós-graduação, responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica. www.celsovasconcellos.com.br

    segunda-feira, 8 de outubro de 2012


    domingo, 7 de outubro de 2012

    Amanda Gurgel, que ficou conhecida como professora do Youtube', é eleita a vereadora mais votada de Natal

    Professora Amanda Gurgel, do PSTU (Foto: Caroline Holder/G1)
    A professora estadual Amanda Gurgel, candidata a vereadora em Natal pelo PSTU, foi eleita neste domingo (7), em números absolutos, a vereadora mais bem votada da história do Legislativo Municipal. Foram exatos 32.819 mil votos, o equivalente a 8,59% dos votos válidos. Amanda Gurgel ganhou notoriedade depois de um vídeo postado no Youtube, onde ela se pronuncia a respeito da atual situação da Educação no Rio Grande do Norte. Na rede, o vídeo soma mais de 200 mil visualizações. Com o sucesso, a professora foi convidada para programas de rede nacional, como o Domingão do Faustão, em maio de 2011, além de entrevista ao Globo News.

    Com a votação, a candidata do PSTU ainda conseguiu, devido ao coeficiente eleitoral, levar para a Câmara de Natal mais dois vereadores da coligação PSOL - PSTU. "Eles vão se juntar à minha voz na Câmara", disse ela. Para Amanda, a divulgação do vídeo foi "preponderante" para sua eleição. Ao G1, ela também disse acreditar que só conseguiu espalhar suas ideias entre os eleitores através do pronunciamento. Contudo, ela afirma que não esperava uma quantidade tão expressiva de votos.

    "Foi surpreendente!", exclamou. Por fim, a eleita disse que vai entrar na CMN para fazer um mandato socialista, baseando-se nos desejos dos trabalhadores. "Vamos preparar o terreno para que os trabalhadores peguem a política nas mãos e não se sintam estranhos no Legislativo", declarou, acrescentando que também vai defender a destinação de 30% do Produto Interno Bruto para a educação. "Disso eu não abro mão", complementou.

    Um bom exemplo a ser seguido

    EDUCAÇÃO NA MÍDIA

     
    08 de outubro de 2012



    ISADORA FABER: 'SÓ PORQUE É ESCOLA PÚBLICA TEM QUE SER RUIM?'

    Adolescente que virou notícia ao denunciar no Facebook os problemas do colégio dá entrevista

    Fonte: O Globo (RJ)
    “Olha, a Isadora escreve bem, é articulada na internet, mas é muito, muito tímida para dar entrevistas”, adverte a mãe da jovem Isadora Faber, de 13 anos, antes de passar o computador conectado ao Skype para a filha. A produtora Mel Faber não tentava apenas protegê-la do assédio da imprensa. Depois que a jovem, inspirada numa blogueira escocesa de 9 anos, criou uma página no Facebook em agosto para denunciar as condições precárias da escola pública que frequenta, em Florianópolis, forçando a prefeitura a providenciar melhorias, a mãe também a prepara para enfrentar as consequências do seu ato. O que significa, no mínimo, encarar muitas entrevistas.
    Em pouco mais de dois meses, a página de Isadora já recebeu 322 mil curtidas. Sua iniciativa repercutiu em todo o país, levando outros estudantes a criarem páginas semelhantes. Até o jornal francês “Le Monde” elogiou a disposição da pequena Lisa Simpson catarinense. Mas este foi o lado bom da história. Isadora enfrentou críticas de muitos colegas de classe, pais e professores, que não aprovaram tanta exposição. Acusada de calúnia por uma professora, teve de prestar depoimento numa delegacia, acompanhada de seu pai. Tímida, sim, mas nada acuada, Isadora diz que ainda há muito o que fazer.
    O Globo: Depois de fazer a página no Facebook sozinha, conseguir que os reparos fossem feitos (maçanetas foram colocadas no banheiro, fiações recuperadas, bebedouros trocados e professores contratados), você ainda foi parar numa delegacia para se defender. Isso te desanima a continuar?
    Tem muita gente que me apoia, diz que o que estou fazendo está certo, então vou seguir fazendo. O que mais quero é que outros alunos de escolas públicas também façam o mesmo para arrumarem suas escolas. Só porque é escola pública tem que ser ruim?

    Como é na sala de aula? Seus colegas ficam com medo de você escrever tudo o que acontece na página?
    Na minha sala, pelo menos, meus colegas me apoiam. É mais chato no recreio. Eu percebo que os alunos mais velhos ficam comentando...

    O que ainda falta resolver na sua escola?
    Eu acho que ainda dá para melhorar muito. Essa situação dos professores que faltam, principalmente.

    Pensa em mudar de escola?
    Não, quero continuar aqui.

    A página “Diário de classe” mudou sua rotina como estudante?
    Não. Sigo indo normal. Gosto mais das aulas de História, Geografia e Educação Física, menos das de Matemática. Continua tudo normal.

    O que você faz nas horas vagas?
    Eu tô sempre com alguns amigos, a gente sai pra passear com meu cachorrinho... Só tenho que separar um tempinho no dia para dar uma olhada na página (Isadora tenta responder a cada uma das centenas de mensagens que recebe por dia).

    O que você vai ser quando crescer?
    Eu gosto de denunciar os problemas, para tentar arrumar as coisas. Eu quero muito ser jornalista.

    O que te deixa mais feliz com essa história toda?
    Saber que as pessoas gostam do meu trabalho, receber o apoio delas.

    E o que te deixa mais triste?
    Os meus colegas da escola que não me apoiam. O fato de acharem que o que estou fazendo é contra a escola, não a favor.

    Muitos jovens fizeram páginas parecidas em outras cidades do Brasil. Você acha que isso pode ser o início de uma revolução?
    Espero que sim. Eu até criei um grupo de discussão para ajudar quem quer fazer uma página parecida. Eles perguntam como começar, e eu dou dicas, digo para sempre fotografar e explicar o problema, por exemplo, e evitar fazer acusações pessoais.



    Ensino fundamental

    Professor brasileiro é um dos mais mal pagos do mundo

    Estudos internacionais apontam que o rendimento anual do docente do ensino fundamental no Brasil é apenas 10% do que recebe um professor na Suíça

    Como em uma empresa - escola de São Paulo: bônus para os que atingem as metas
    No Brasil, professor tem renda abaixo da renda média dos demais cidadãos (Claudio Gatti)
    Professores brasileiros em escolas de ensino fundamental têm um dos piores salários de sua categoria em todo o mundo e recebem uma renda abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nacional. É o que mostram levantamentos realizados por economistas, por agências das Nações Unidas, do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Prestes a comemorar o Dia Internacional do Professor, na sexta-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta, apontando que a profissão em vários países emergentes está sob ameaça diante dos salários baixos.
    Em um estudo realizado pelo banco UBS em 2011, economistas constataram que um professor do ensino fundamental em São Paulo ganha, em média, 10.600 dólares ao ano. O valor é apenas 10% do que ganha um professor nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa categoria em Zurique seria de 104.600 dólares ao ano. Em uma lista de 73 cidades, apenas 17 registraram salários inferiores aos de São Paulo, entre elas Nairobi, Lima, Mumbai e Cairo. Em praticamente toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores ao de um professor do ensino fundamental em São Paulo.
    Guy Ryder, o novo diretor-geral da OIT, emitiu um comunicado na quarta-feira no qual apela para que governos adotem estratégias para motivar pessoas a se tornarem professores. Sua avaliação é de que, com salários baixos, a profissão não atrai gente qualificada. O resultado é a manutenção de sistemas de educação de baixo nível. "Muitos não consideram dar aulas como uma profissão com atrativos", disse. 
    Outro estudo - liderado pela própria OIT e pela Unesco (órgão da ONU para educação, ciência e cultura) e realizado com base em dados do final da década passada - revelou que professores que começam a carreira no Brasil têm salários bem abaixo de uma lista de 38 países, da qual apenas Peru e Indonésia pagam menos. O salário anual médio de um professor em início de carreira no país chegava a apenas 4.800 dólares. Na Alemanha, esse valor era de 30.000 dólares ao ano. Em um terceiro levantamento, a OCDE apontou que nos países ricos, professores do ensino fundamental com mais de 15 anos de experiência ganhavam emmédia 39.000 dólares ao ano em 2009. 
    Em uma comparação com a renda média nacional, os salários dos professores do ensino fundamental também estão abaixo da média do país. De acordo com o Banco Mundial, o PIB per capita nacional chegou em 2011 a 11.600 dólares ao ano. O valor é 1.000 dólares a mais que a renda de um professor, segundo os dados do UBS. Já a OCDE ressalta que professores do ensino fundamental em países desenvolvidos recebem por ano uma renda 17% superior ao salário médio de seus países, como forma de incentivar a profissão.
    Na Coreia do Sul, os salários médios de professores são 121% superiores à média nacional. O Fórum Econômico Mundial apontou recentemente a Coreia como uma das economias mais dinâmicas do mundo e atribuiu a valorização da educação como um dos fatores que transformaram uma sociedade rural em uma das mais inovadoras no século 21. 
    O valor do salário do professor em São Paulo é de cerca de 1.780 reais ao mês, valor superior ao piso nacional do magistério. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Educação (MEC) fixou em 1.451 reais mensais o rendimento dos professores, um reajuste de 22,22%. Para o pesquisador Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), o aumento do salário não melhoraria necessariamente o resultado das escolas. As transformações, para ele, precisam ser mais profundas. "Mas é claro que, se tiver um patamar mais alto de rendimentos, já vai ser possível recrutar gente mais qualificada nas próximas seleções."
    (Com Agência Estado)
    Leia também:

    segunda-feira, 24 de setembro de 2012


    Aprender mais para ensinar melhor.
    Escola: ambiente transformador

                            A escola, por excelência, é entendida sendo um espaço para aprender e ensinar. Prevendo a formação cultural e científica das crianças e jovens. Possibilitando aos mesmos, contato com uma cultura provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem e pela ética.
                            A educação brasileira, busca de maneira sistematizada, assegurar aos seus alunos, um ensino de qualidade. Revendo conceitos e reestruturando as práticas pedagógicas e valorizando os saberes dos educandos.
                            As novas diretrizes curriculares, a Lei de Diretrizes e Bases-9.394/96 e os Parâmetros Curriculares Nacionais, são referenciais para a escola formular e reformular suas propostas de trabalho, tendo como objetivo, a formação plena do sujeito. A busca por novas formas de ensinar e aprender, é uma necessidade para garantir o processo de construção de aprendizagem significativa.
                            Diante dos pontos abordados, nota-se a importância da formação continuada dos profissionais da educação, em particular, o professor, sendo ele quem opera a legitimação do saber. Saber que constrói os conhecimentos ao longo da vida.
                            Em síntese, investir na formação do professor e rever as práticas pedagógicas, é possível assegurar uma educação de qualidade. Por meio de um trabalho coletivo, envolvendo a família, também. Com isto, cada ação didática terá um valor crítico para o aluno, proporcionando o seu preparo para o pleno exercício de sua cidadania.
    Iêda Francisca Lima de Farias

    sexta-feira, 14 de setembro de 2012

    Trabalho apresentado no X Congresso Internacional de Tecnologia na Educação
    4, 5 e 6 de setembro de 2012 - Centro de Convenções - Recife/PE


    O USO DO COMPUTADOR COMO INSTRUMENTO INCENTIVADOR NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

    Iêda Francisca Lima de Farias
    Emmanuel do Nazareno da Silva Alves
    Vera Lúcia Freire Pessoa


    Resumo

    O presente artigo aborda a experiência desenvolvida com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 2º e 3º período, na Escola Municipal Joaquim Gomes Sobrinho – Canguaretama/RN, tendo como objetivo superar as dificuldades de aprendizagem dos educandos, estimular a leitura e a escrita, diminuir a evasão escolar e inseri-los no mundo da informática. Como embasamento teórico, adotou-se o pensamento de Paulo Freire, a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/96), Arroyo (2003), Delors (1996), Perrenoud (2000). A metodologia foi desenvolvida por meio de oficinas pedagógicas, fazendo uso de projetor de multimídia, computador e máquina fotográfica. Os resultados demonstraram que o computador é uma ferramenta de aprendizagem atraente e significativa para alfabetização na EJA, tendo o educador o papel de motivador, contribuindo para fortalecer a autoestima dos discentes e valorizando-os como sujeitos sociais.
    Palavras - chave: Computador, Alfabetização, Educação de Jovens e Adultos.


    Abstract

    Summary this article discusses the experience developed with students from youth and adult education (EJA) 2nd and 3rd period, at Escola Municipal Joaquim Gomes Sobrinho – Canguaretama/RN, aiming to overcome learning difficulties of students, encourage reading and writing, reduce school dropouts and insert them in the computer world. As theoretical foundation, it took the thought of Paulo Freire, the law of guidelines and Bases (Law 9,394/96), Arroyo (2003), Delors (1996), Perrenoud (2000). The methodology was developed through educational workshops, making use of multimedia projector, computer and camera. The results showed that the computer is an attractive and meaningful learning tool for literacy in the EJA, having the educator role as motivator, helping to strengthen the self-esteem of students and valuing them as social subjects.
    Keywords: computer, literacy, youth and adult education.


    Introdução

           As demandas da sociedade informatizada aumentam os desafios enfrentados cotidianamente pelos cidadãos não alfabetizado ou pouco letrados. Propiciar que os jovens e adultos com baixo nível de letramento apropriem-se das tecnologias da informação e comunicação, na medida de suas necessidades e interesses, tornou-se um dever da sociedade.
    A educação como direito de todos e dever do estado (Lei de Diretrizes e Bases-Lei nº 9.394/96), sem dúvida, foi um marco de grande relevância, mas ainda carecemos de políticas para a diversidade. Como se pode falar em direitos se não se reconhece as diferenças, as diversidades de cada sujeito? O que se pretende é a formação humana com acesso ao universo de saberes científico, “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” (LDB, Lei nº 9.394/96), sendo essa a função da escola, historicamente e socialmente construídos, que permita ao cidadão compreender o mundo, posicionar-se criticamente e nele atuar para melhorar suas condições de vida. Diante dessa premissa, “nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados”. (FREIRE, 1983, p. 61).
    Cabe aos gestores e educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) refletir de forma crítica e criativa sobre como as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) podem contribuir para a prática pedagógica. Tendo em vista a necessidade de se viver no mundo letrado, saber ler e escrever não é o suficiente para atender as demandas da sociedade. A inserção de tecnologias nas escolas torna-se importante para a apropriação das práticas sociais de leitura e escrita, na vida pessoal e profissional do sujeito de maneira significativa.
    Segundo Perrenoud (2000, p. 128),


    Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e análise de textos e de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação.


    O uso de ferramentas tecnológicas na escola tem um significado muito amplo, não é só saber usá-las. Trata-se de aproximar os alfabetizandos dos objetos cognoscíveis, com base nas vivencias do cotidiano e nas suas necessidades, tornando-se produtor de novos saberes. A este respeito, Freire (1995) comenta que
    Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito de sua própria história.


    Considerando que a função da escola é formar cidadãos, reforça-se então a necessidade de se fundamentar nos princípios dos quatro pilares da educação propostos por Delors (1996, p. 89-102), que são: aprender a conhecer, o que significa aprender a aprender para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida; aprender a fazer, para adquirir não somente uma qualificação profissional, mas também, as competências que tornem a pessoa apta a enfrentar diversas situações e a trabalhar em equipe; aprender a conviver, desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, preparar-se para gerir conflitos, na compreensão mútua e da paz; e aprender a ser, para desenvolver a sua personalidade e estar à altura de para agir cada vez mais com autonomia.
    Tendo em vista que os sistemas educativos tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, é importante que o professor como facilitador e motivador desenvolva atividades práticas, fazendo uso de recursos didáticos que despertem no aluno o interesse pela aula, construindo e desconstruindo seus conhecimentos, criando e recriando suas ideias, assim, será possível aperfeiçoar suas habilidades e desenvolver de forma eficiente suas competências básicas para avançar na aprendizagem. Para tanto, segundo Arroyo (2003, p.7).


    Quem trabalha na Educação de Jovens e Adultos não atende pessoas desencantadas com a educação, mas sujeitos que chegam à escola carregando saberes, vivências, culturas, valores, visões de mundo e de trabalho. Estão ali também como sujeitos da construção desse espaço que tem suas características próprias e uma identidade construída coletivamente entre educandos e educadores.


    Diante dessa premissa, a realização deste projeto se justifica pelo crescente número de alunos da Educação de Jovens e Adultos que abandonam a sala de aula sem concluir o ano letivo no município de Canguaretama/RN. De acordo com uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Educação nos anos 2008 e 2009, o município apresentou um quadro crítico em relação à evasão escolar nas turmas da EJA, provocado por diversos motivos, um dos que mais chamou à atenção foi à metodologia utilizada pelos professores, método enfadonho sem atrativos, que desestimula o aluno e esse por sua vez abandona a sala de aula desacreditando da escola.
    Assim sendo, fica evidente a necessidade de desenvolver um projeto que incentive os alunos a acreditarem na sua capacidade de aprender e fazer uso dessa aprendizagem no seu dia a dia. Um trabalho de forma interdisciplinar, articulado com as diversas áreas do conhecimento de maneira contextualizada, tendo por base as temáticas relacionadas ao cotidiano dos alunos, levando-os a ler e escrever sobre sua vida, de maneira dinâmica e prazerosa, possibilitando aos estudantes refletirem sobre o valor e a importância de estudar. Para isso, se pensou em uma ferramenta atrativa que proporcione uma aprendizagem significativa: as novas tecnologias, em particular, o computador. Ao mesmo tempo em que aprendem a ler e a escrever, adquirem competências mínimas para terem acesso às tecnologias digitais proporcionando sua inclusão no mundo da informação.
    Sabe-se que o maior desafio da inclusão dos jovens e adultos na era digital é a falta de recursos tecnológicos na maioria das escolas públicas. Para desenvolver um trabalho pedagógico que valorize as experiências dessa faixa etária, refletiu-se a respeito da problemática: como alunos da EJA podem avançar no processo de ensino e aprendizagem fazendo uso do computador, considerando que a escola a qual será executado este projeto conta apenas com uma máquina? Em resposta à problemática, levantou-se uma hipótese: por meio do computador pessoal de cada professor. Esta seria a oportunidade de os estudantes conseguirem compreender melhor a importância da leitura, da escrita e a necessidade de conhecer e usar ferramentas tecnológicas. Essa reflexão é fortalecida nas palavras de Freire (1988, p. 90) quando destaca: “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, respeitando os conhecimentos prévios de cada um, as memórias e os saberes construídos ao longo da vida.
    Dentro dessa perspectiva, entende-se que a mediação pedagógica é atitude e comportamento do professor que assume um papel articulador, incentivador da aprendizagem dos alunos, trabalhando diferentes metodologias e adaptando às diferentes realidades escolares. A este respeito, Perrenoud (2000, p.139) afirma que


    As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão de trabalho que não faz mais com que todo o investimento repouse sobre o professor, uma vez que tanto a informação quanto a dimensão interativa são assumidas pelos produtores dos instrumentos.


    Dessa forma, o objetivo deste trabalho está voltado para a superação das dificuldades na aprendizagem dos alunos da EJA, trabalhando a autoestima e a cidadania, possibilitando sua inserção no mundo da tecnologia da informação. Sendo o computador uma ferramenta dinâmica, atraente, criativa e pertinente ao atual momento político e econômico, permite que o aluno através da máquina facilite o aprendizado na leitura e na escrita de forma significativa, ampliando cada vez mais os seus conhecimentos, tornando-se melhor qualificado para o mercado de trabalho, alcançando a cidadania plena, a igualdade e a socialização no mundo globalizado, propiciando sua permanência na escola. Sem dúvida, um grande desafio para os alunos, não será aprender a usar a tecnologia, mas usar a tecnologia para aprender, e assim, desenvolver-se como ser humano e viver com qualidade.


    Referencial Teórico

    É notório que hoje se vive em um mundo dominado pela informação, na qual a valorização do conhecimento científico e o crescente desenvolvimento tecnológico se tornam indispensáveis à formação de cidadãos críticos. Independente do nível de escolaridade do sujeito há espaço para atualização e qualificação, tendo em vista sua participação nesse contexto, não se pode imaginar o processo de ensino e aprendizagem fora da realidade de uma cultura globalizada como a que vivemos.
    Assim afirma Mercado (2002, p. 18).


    O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as competências e habilidades para lidar com tecnologias. Se a escola não perceber através da interação social, os sinais de transformações e mudanças iminentes correm o risco de marginalizar-se, não acompanhando o progresso educativo que promove o aluno como cidadão, membro de uma sociedade na qual trabalha e consequentemente devem atuar.


    Dentro dessa abordagem, a quinta conferência da UNESCO (Organização das Nações Unidas, para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre a educação de adultos, a CONFITEA (Conferência Internacional de Jovens e Adultos) realizada em 1997, em Hamburgo, na Alemanha, agentes governamentais e não governamentais de diversos países firmaram compromissos para a formulação de políticas de acesso às novas tecnologias. A Declaração de Hamburgo aprovada na V CONFITEA, atribui à educação de jovens e adultos o objetivo de despertar a responsabilidade planetária nas pessoas; promover a igualdade dos homens e mulheres; desenvolver a autonomia, possibilitar o acesso à cultura, aos meios de comunicação, à preservação ambiental, aos cuidados com a saúde, contribuir com a formação continuada adequando às novas tecnologias, necessidade socioeconômica e cultural; incorporando a cultura de paz e democracia e assim favorecendo uma participação criativa e consciente dos cidadãos (CONFERÊNCIA, 1999, p. 49-50).
    Nos projetos de inclusão digital é importante focar a promoção da habilidade das pessoas em utilizarem os aspectos técnicos para sua melhoria social e de sua comunidade. Considerando que a educação de jovens e adultos não se reduz às técnicas, “mas não se faz educação sem ela” (FREIRE, 1995), utilizar computadores possibilita ao aluno, avançar de maneira crítica, no processo de aprendizagem.
    Sendo assim, a fundamentação teórica adotada seguiu a concepção de Paulo Freire (1995), que prioriza as relações entre aluno e professor, e entre aluno e conhecimento. O respeito à experiência e à identidade cultural dos alunos, onde o sujeito é cognoscente em um movimento de superação do senso comum pelo conhecimento mais crítico “em torno do mundo e de si, no mundo e com ele” (p. 17). O homem concreto deve se instrumentar com os recursos da ciência e da tecnologia para melhor lutar “pela causa de sua humanização e de sua libertação” (FREIRE, 1995: 98), tendo como ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos para que, por meio de problematização fosse possível estimular a criticidade, o pensamento e ação consciente sobre o uso do computador. O amparo legal Lei de Diretrizes e Bases-LDB Lei 9.394/96, ratificando o que declara a Constituição Federal, em seu Título III: como reconhecimento do “Direito à Educação e o Dever de educar, VII Oferta de Educação Escolar Regular para Jovens e Adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola”. Apoiou-se também no pensamento de Arroyo (2003), quando defende que é possível construir uma escola para a educação de jovens e adultos, a partir de fatos do cotidiano nos quais emergem dificuldades, expectativas, desejos e propostas relacionadas à aquisição de conhecimento dos envolvidos no processo educacional.


    Metodologia

    Frente à necessidade de comprovação da eficiência metodológica proporcionada pelo uso dos recursos tecnológicos, o desenvolvimento de atividades de apoio ao processo de ensino da leitura e escrita, fundamentou-se na abordagem problematizadora de Paulo Freire, favorecendo as discussões e leituras reflexivas por meio de oficinas com o objetivo de despertar o interesse do educando.
    Sabe-se que a aprendizagem do sujeito se constitui a partir da sua vivência na sociedade. É inegável que o uso de recursos audiovisuais na alfabetização de jovens e adultos, estimula o sentido humano, aguça as habilidades intelectuais, sociais e afetivas dos alunos, possibilitando posicionar-se, decidir, pensar, discordar ou concordar com alguma situação apresentada. Os encontros ocorreram semanalmente, com duração de três horas e meia, totalizando onze aulas.
    Dessa forma, o desenvolvimento da sugestão das tarefas foi assim compreendido:
    Na primeira aula, além da apresentação da proposta de trabalho, procurou-se saber o conhecimento prévio dos alunos em relação às novas tecnologias, em particular o computador. Seguida de uma discussão grupal relacionada à proposta apresentada, cada aluno comentava seu ponto de vista, apontando a relevância da atividade para a sua aprendizagem.
    A fala de alguns alunos deixou claro o interesse sobre o tema, “o uso da tecnologia favorece uma boa aprendizagem”, “não é só na escola que se aprende”. Assim, nota-se que o aluno não vive isolado, ele frequenta vários segmentos da sociedade e a tecnologia permeia esses ambientes.
    Ao final, ressaltou-se a importância e a necessidade de apropriar-se desses conhecimentos, considerando que o mundo está em constante transformação e para que o sujeito não seja excluído, se faz necessário adquirir os conhecimentos básicos no que diz respeito à era digital.
    Na segunda aula, sugeriu-se uma roda de conversa a título de problematização e reflexão sobre o uso do computador. “O que conhecem sobre informática?” “Quais as experiências que já tiveram com o computador?”, “O conhecimento em informática pode melhorar a vida das pessoas?”, “Até que ponto o uso da tecnologia pode ajudar a melhorar a vida das pessoas?”.
    Por meio de imagens, fazendo uso do projetor de multimídia (Data Show), foram apresentados os diversos tipos de suportes tecnológicos utilizados há décadas, tais como: o livro, telefone, máquina de datilografar, rádio, vitrola, disco de vinil, CDs, DVDS, telefone celular, máquina fotográfica e computador, seguida de análise a respeito da utilidade e benefícios das novas tecnologias, no campo profissional, educacional e na medicina.
    Assim, foi possível observar a curiosidade e interesse dos alunos em relação ao tema abordado. A oportunidade de visualizar a gama de ferramentas tecnológicas existente no mercado de trabalho contribuiu para que muitos alunos fizessem uma ligação com suas vivências, comparando o passado e o presente e se perguntando como será o futuro.
    Na terceira aula, foi exibido o documentário “Alfabetização de Adultos: Mudança qualitativa” Programa Mais Você – Rede Globo (21/12/2009). Após a exibição discutiu-se sobre o vídeo, abordando os pontos mais relevantes, a importância da apropriação da linguagem oral e escrita para a inserção do sujeito no meio social, apontando-se uma questão a título de reflexão: o que pode facilitar ou dificultar a vida de alguém que não sabe ler? Para finalizar, sugeriu-se que cada aluno apresentasse oralmente, seu ponto de vista em relação à problemática abordada.
    Na quarta aula, houve a exibição do vídeo: “O computador pode ser um grande aliado na alfabetização de jovens e adultos”, produzido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC: 2009), na qual a Psicolinguista argentina Emília Ferreiro, faz uma abordagem sobre a importância de metodologias inovadoras fazendo uso de ferramentas tecnológicas para a valorização dos alunos da EJA. A escritora sugere que professores e educadores façam uso do computador, para proporcionar aos alunos da Educação de Jovens e Adultos, uma aprendizagem significativa.
    Em seguida, os alunos fizeram o conhecimento e reconhecimento das partes operacionais do computador, manuseio do mouse, ligar/desligar e observar o teclado, parte primordial para a iniciação às atividades de alfabetização. Os alunos que já sabiam manusear a máquina se posicionaram como instrutor para os que estavam tendo o contato pela primeira vez, explicando seu uso passo a passo, digitação de letras, números e palavras conhecidas.
    Na quinta aula, desenvolveu-se uma atividade de verificação de aprendizagem, na qual se sugeriu aos alunos a digitação do próprio nome, seguida de pequenas palavras, pequenas frases e pequenos textos, sempre com o acompanhamento e orientação do professor. Prática que teve como objetivo, desenvolver a coordenação motora e a interação aluno/máquina, tendo em vista que alguns alunos apresentavam dificuldades para manusear o mouse e o teclado.
    A informática deve ser vista como um instrumento de interação com o educando, uma vez que o conhecimento não é transmitido, e sim estabelecido progressivamente por meio de práticas, resultando na construção e reconstrução do conhecimento.
    Na sexta aula, visitou-se uma agência bancária, a fim de favorecer a familiarização dos educandos com o caixa eletrônico, tendo em vista que muitos alunos não sabiam utilizar a máquina, foi possível retirar extrato, simular depósito e saque usando o cartão eletrônico.
    Essa atividade possibilitou ao aluno sair do cotidiano da sala de aula, causando uma expectativa significativa o fato de trabalhar com uma ferramenta tecnológica, proporciona um entendimento prazeroso, o aluno aprende sem preocupar-se com a obrigatoriedade de memorizar conteúdos para fazer uma avaliação.
    Para ampliar os conhecimentos sobre o sistema de escrita, na sétima aula sugeriu-se um ditado de palavras. A realização da atividade deu-se em duplas por computador, com o objetivo de um ajudar ao outro. Essa tarefa possibilitou aos alunos, a troca de experiências e discussões relacionadas à grafia das palavras. Aprenderam rapidamente o uso do recurso da borracha, apagando diversas vezes, sempre que observavam a falta de letra ou sílaba. Finalizando com a socialização de opiniões: as facilidades e dificuldades na digitação.
    Na oitava aula, visitou-se a biblioteca pública da cidade. Esta atividade objetivou apresentar aos alunos um espaço acolhedor e atraente, de modo a conhecer a forma de organização do acervo, seus serviços, programação cultural.
    Com o advento das mídias digitais, computadores e a internet, muitas bibliotecas têm caído no esquecimento, sendo substituída por acervos digitalizados. Porém, o livro ainda permanece sendo uma ferramenta de grande valor acessível a todas as pessoas em qualquer lugar.
    Assim, nota-se a importância de apresentar para o alunado, o quanto os livros são importantes para a formação cultural e também para a formação de uma pessoa como cidadã, é na biblioteca, em meio à diversidade de livros que um mundo diferente é descoberto pelas crianças, jovens e adultos.
    Na nona aula, programou-se uma atividade por meio do computador, oportunizando aos alunos a produção de texto relatando os conhecimentos adquiridos ao longo das aulas. Mediados pelo professor, foi possível perceberem a utilização do computador como uma ferramenta que possibilita o aprendizado da leitura e da escrita, uma vez que facilitará o reconhecimento dos símbolos em textos impressos que circulam nos meios de comunicações.
    A décima aula, foi dedicada à gravação de um vídeo, com o depoimento dos discentes acerca da experiência com as novas técnicas de aprendizagem utilizando o computador e o que significou para eles.
    Na décima primeira aula, foi feito o fechamento das atividades com a socialização e exibição do vídeo produzido anteriormente para todos os alunos. Para Piaget (1977) a “socialização significa a possibilidade de o indivíduo trocar e compartilhar efetivamente significados e submeterem-se as regras morais” confirmou-se que o uso da tecnologia, em particular o computador, além de permitir o acesso dos alunos a mais uma prática de leitura e escrita, permite também, sua utilização nas práticas de letramento.


    Resultados

    No processo de desenvolvimento das oficinas foi possível observar dois campos:
    Campo positivo: na aplicação e execução do projeto observou-se a satisfação dos educandos com a proposta de trabalho, o entusiasmo para fazer uso do computador, o que proporcionou refletirem sobre a importância e a necessidade da aquisição de novos conhecimentos, novas formas de aprender a ler e escrever, novas habilidades e atitudes diante de uma nova ferramenta de ensino capaz de possibilitar uma aprendizagem significativa e de forma prazerosa.
    Campo negativo: quanto ao uso do computador, encontramos algumas dificuldades na apropriação de tal veículo de conhecimento, tais como o fato de a escola não dispor de um laboratório de informática. Dessa forma, as atividades foram executadas apenas com dois computadores de propriedade dos professores, uma motivação para que os educandos participassem de fato da proposta de trabalho.
    Contudo existe um esforço por parte dos professores em desenvolver e executar projetos pedagógicos que possibilite uma nova visão aos alunos da educação de jovens e adultos, permitindo que eles sejam capazes de usar com racionalidade a tecnologia, voltando-a a seu favor, considerando que na EJA as possibilidades de aproveitar as experiências daqueles que tem uma história de vida é fundamental para o pleno desenvolvimento de sua cidadania.


    Considerações Finais

    Os jovens e adultos quando entram na educação formal, tem certas prioridades e urgências em aprender e fortalecer os conhecimentos prévios. Observa-se a necessidade de utilizar recursos que acelere seu aprendizado de maneira que os alunos adultos sintam-se motivados e não desanimem no processo, mas perceba que seu objetivo está sendo atingido rápido e continuamente.
    É importante despertar a consciência crítica/reflexiva desses alunos enquanto agentes de transformação social, assumindo a percepção de mudança do mundo, partindo para a prática consciente de seu papel no meio social (FREIRE, 1997). Considera-se, que a utilização do computador como ferramenta para o processo de aprendizagem da leitura e da escrita é uma excelente estratégia para garantir a permanência do aluno na escola e possibilitar uma aprendizagem prazerosa e significativa.
    Sabe-se que as propostas de trabalho com jovens e adultos aliados a suportes tecnológicos é um meio interessante, para além de aprender a ler e a escrever, com o avanço da informática é de vital importância que os estudantes sejam também, alfabetizados no mundo digital.
    Conclui-se que este projeto contribuiu para fortalecer a autoestima dos alunos, manifestando entusiasmo e interesse nas aulas. Para tanto, é preciso que o educador seja um agente de motivação. É preciso inovar, estimular os alunos, fugir da mecanização. Proporcionando situações de aprendizagens que façam sentido para os jovens e os adultos. Aproveitar a experiência de vida de cada um, elevar a autoestima, para que o educando seja capaz de atuar de forma consciente na sociedade e melhorar sua qualidade de vida, são ações que o professor deve desenvolver para fazer a diferença na sua prática educativa.


    Referências 
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