Trabalho apresentado no X Congresso Internacional de Tecnologia na Educação
4, 5 e 6 de setembro de 2012 - Centro de Convenções - Recife/PE
4, 5 e 6 de setembro de 2012 - Centro de Convenções - Recife/PE
O
USO DO COMPUTADOR COMO INSTRUMENTO INCENTIVADOR NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
Iêda Francisca Lima de Farias
Emmanuel do Nazareno da Silva Alves
Vera Lúcia Freire Pessoa
Resumo
O presente artigo aborda a experiência
desenvolvida com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 2º e 3º período,
na Escola Municipal Joaquim Gomes Sobrinho – Canguaretama/RN, tendo como
objetivo superar as dificuldades de aprendizagem dos educandos, estimular a
leitura e a escrita, diminuir a evasão escolar e inseri-los no mundo da
informática. Como embasamento teórico, adotou-se o pensamento de Paulo Freire,
a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/96), Arroyo (2003), Delors (1996),
Perrenoud (2000). A metodologia foi desenvolvida por meio de oficinas
pedagógicas, fazendo uso de projetor de multimídia, computador e máquina
fotográfica. Os resultados demonstraram que o computador é uma ferramenta de
aprendizagem atraente e significativa para alfabetização na EJA, tendo o
educador o papel de motivador, contribuindo para fortalecer a autoestima dos
discentes e valorizando-os como sujeitos sociais.
Palavras
- chave: Computador, Alfabetização, Educação de Jovens e
Adultos.
Abstract
Summary
this article discusses the experience developed with students from youth and
adult education (EJA) 2nd and 3rd period, at Escola Municipal Joaquim Gomes
Sobrinho – Canguaretama/RN, aiming to overcome learning difficulties of
students, encourage reading and writing, reduce school dropouts and insert them
in the computer world. As theoretical foundation, it took the thought of Paulo
Freire, the law of guidelines and Bases (Law 9,394/96), Arroyo (2003), Delors
(1996), Perrenoud (2000). The methodology was developed through educational
workshops, making use of multimedia projector, computer and camera. The results
showed that the computer is an attractive and meaningful learning tool for
literacy in the EJA, having the educator role as motivator, helping to
strengthen the self-esteem of students and valuing them as social subjects.
Keywords: computer, literacy, youth and adult education.
Introdução
As demandas da
sociedade informatizada aumentam os desafios enfrentados cotidianamente pelos
cidadãos não alfabetizado ou pouco letrados. Propiciar que os jovens e adultos
com baixo nível de letramento apropriem-se das tecnologias da informação e
comunicação, na medida de suas necessidades e interesses, tornou-se um dever da
sociedade.
A educação como direito
de todos e dever do estado (Lei de Diretrizes e Bases-Lei nº 9.394/96), sem
dúvida, foi um marco de grande relevância, mas ainda carecemos de políticas
para a diversidade. Como se pode falar em direitos se não se reconhece as
diferenças, as diversidades de cada sujeito? O que se pretende é a formação
humana com acesso ao universo de saberes científico, “liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” (LDB,
Lei nº 9.394/96), sendo essa a função da escola, historicamente e socialmente
construídos, que permita ao cidadão compreender o mundo, posicionar-se
criticamente e nele atuar para melhorar suas condições de vida. Diante dessa
premissa, “nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem
e de uma análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora das
sociedades humanas e não há homens isolados”. (FREIRE, 1983, p. 61).
Cabe aos gestores e
educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) refletir de forma crítica e
criativa sobre como as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC)
podem contribuir para a prática pedagógica. Tendo em vista a necessidade de se viver
no mundo letrado, saber ler e escrever não é o suficiente para atender as
demandas da sociedade. A inserção de tecnologias nas escolas torna-se
importante para a apropriação das práticas sociais de leitura e escrita, na
vida pessoal e profissional do sujeito de maneira significativa.
Segundo Perrenoud (2000, p. 128),
Formar para as
novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento
hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação,
a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e análise de textos e de
imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de
comunicação.
O uso de ferramentas
tecnológicas na escola tem um significado muito amplo, não é só saber usá-las. Trata-se
de aproximar os alfabetizandos dos objetos cognoscíveis, com base nas vivencias
do cotidiano e nas suas necessidades, tornando-se produtor de novos saberes. A
este respeito, Freire (1995) comenta que
Não devemos
chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças,
repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um
saber, que vai além do saber de pura experiência feita, que leve em conta as
suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe ser sujeito
de sua própria história.
Considerando que a
função da escola é formar cidadãos, reforça-se então a necessidade de se
fundamentar nos princípios dos quatro pilares da educação propostos por Delors
(1996, p. 89-102), que são: aprender a conhecer, o que significa aprender a
aprender para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo
da vida; aprender a fazer, para adquirir não somente uma qualificação
profissional, mas também, as competências que tornem a pessoa apta a enfrentar
diversas situações e a trabalhar em equipe; aprender a conviver, desenvolver a
compreensão do outro e a percepção das interdependências, preparar-se para
gerir conflitos, na compreensão mútua e da paz; e aprender a ser, para desenvolver
a sua personalidade e estar à altura de para agir cada vez mais com autonomia.
Tendo em vista que os
sistemas educativos tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, é importante
que o professor como facilitador e motivador desenvolva atividades práticas,
fazendo uso de recursos didáticos que despertem no aluno o interesse pela aula,
construindo e desconstruindo seus conhecimentos, criando e recriando suas ideias,
assim, será possível aperfeiçoar suas habilidades e desenvolver de forma
eficiente suas competências básicas para avançar na aprendizagem. Para tanto,
segundo Arroyo (2003, p.7).
Quem trabalha na
Educação de Jovens e Adultos não atende pessoas desencantadas com a educação,
mas sujeitos que chegam à escola carregando saberes, vivências, culturas,
valores, visões de mundo e de trabalho. Estão ali também como sujeitos da
construção desse espaço que tem suas características próprias e uma identidade
construída coletivamente entre educandos e educadores.
Diante dessa premissa,
a realização deste projeto se justifica pelo crescente número de alunos da Educação
de Jovens e Adultos que abandonam a sala de aula sem concluir o ano letivo no
município de Canguaretama/RN. De acordo com uma pesquisa realizada pela
Secretaria Municipal de Educação nos anos 2008 e 2009, o município apresentou
um quadro crítico em relação à evasão escolar nas turmas da EJA, provocado por
diversos motivos, um dos que mais chamou à atenção foi à metodologia utilizada
pelos professores, método enfadonho sem atrativos, que desestimula o aluno e
esse por sua vez abandona a sala de aula desacreditando da escola.
Assim sendo, fica
evidente a necessidade de desenvolver um projeto que incentive os alunos a acreditarem
na sua capacidade de aprender e fazer uso dessa aprendizagem no seu dia a dia.
Um trabalho de forma interdisciplinar, articulado com as diversas áreas do
conhecimento de maneira contextualizada, tendo por base as temáticas
relacionadas ao cotidiano dos alunos, levando-os a ler e escrever sobre sua
vida, de maneira dinâmica e prazerosa, possibilitando aos estudantes refletirem
sobre o valor e a importância de estudar. Para isso, se pensou em uma
ferramenta atrativa que proporcione uma aprendizagem significativa: as novas
tecnologias, em particular, o computador. Ao mesmo tempo em que aprendem a ler
e a escrever, adquirem competências mínimas para terem acesso às tecnologias
digitais proporcionando sua inclusão no mundo da informação.
Sabe-se que o maior
desafio da inclusão dos jovens e adultos na era digital é a falta de recursos
tecnológicos na maioria das escolas públicas. Para desenvolver um trabalho
pedagógico que valorize as experiências dessa faixa etária, refletiu-se a
respeito da problemática: como alunos da EJA podem avançar no processo de
ensino e aprendizagem fazendo uso do computador, considerando que a escola a
qual será executado este projeto conta apenas com uma máquina? Em resposta à
problemática, levantou-se uma hipótese: por meio do computador pessoal de cada
professor. Esta seria a oportunidade de os estudantes conseguirem compreender
melhor a importância da leitura, da escrita e a necessidade de conhecer e usar
ferramentas tecnológicas. Essa reflexão é fortalecida nas palavras de Freire
(1988, p. 90) quando destaca: “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na
palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, respeitando os conhecimentos prévios
de cada um, as memórias e os saberes construídos ao longo da vida.
Dentro dessa
perspectiva, entende-se que a mediação pedagógica é atitude e comportamento do
professor que assume um papel articulador, incentivador da aprendizagem dos
alunos, trabalhando diferentes metodologias e adaptando às diferentes
realidades escolares. A este respeito, Perrenoud (2000, p.139) afirma que
As novas
tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos
contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem
ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão de trabalho que não
faz mais com que todo o investimento repouse sobre o professor, uma vez que
tanto a informação quanto a dimensão interativa são assumidas pelos produtores
dos instrumentos.
Dessa forma, o objetivo
deste trabalho está voltado para a superação das dificuldades na aprendizagem
dos alunos da EJA, trabalhando a autoestima e a cidadania, possibilitando sua
inserção no mundo da tecnologia da informação. Sendo o computador uma
ferramenta dinâmica, atraente, criativa e pertinente ao atual momento político
e econômico, permite que o aluno através da máquina facilite o aprendizado na
leitura e na escrita de forma significativa, ampliando cada vez mais os seus conhecimentos,
tornando-se melhor qualificado para o mercado de trabalho, alcançando a
cidadania plena, a igualdade e a socialização no mundo globalizado, propiciando
sua permanência na escola. Sem dúvida, um grande desafio para os alunos, não
será aprender a usar a tecnologia, mas usar a tecnologia para aprender, e
assim, desenvolver-se como ser humano e viver com qualidade.
Referencial
Teórico
É notório que hoje se
vive em um mundo dominado pela informação, na qual a valorização do
conhecimento científico e o crescente desenvolvimento tecnológico se tornam
indispensáveis à formação de cidadãos críticos. Independente do nível de
escolaridade do sujeito há espaço para atualização e qualificação, tendo em
vista sua participação nesse contexto, não se pode imaginar o processo de
ensino e aprendizagem fora da realidade de uma cultura globalizada como a que
vivemos.
Assim afirma Mercado (2002, p. 18).
O reconhecimento
de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da
conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as
competências e habilidades para lidar com tecnologias. Se a escola não perceber
através da interação social, os sinais de transformações e mudanças iminentes
correm o risco de marginalizar-se, não acompanhando o progresso educativo que
promove o aluno como cidadão, membro de uma sociedade na qual trabalha e
consequentemente devem atuar.
Dentro dessa abordagem,
a quinta conferência da UNESCO (Organização das Nações Unidas, para a Educação,
a Ciência e a Cultura) sobre a educação de adultos, a CONFITEA (Conferência
Internacional de Jovens e Adultos) realizada em 1997, em Hamburgo, na Alemanha,
agentes governamentais e não governamentais de diversos países firmaram
compromissos para a formulação de políticas de acesso às novas tecnologias. A
Declaração de Hamburgo aprovada na V CONFITEA, atribui à educação de jovens e
adultos o objetivo de despertar a responsabilidade planetária nas pessoas;
promover a igualdade dos homens e mulheres; desenvolver a autonomia,
possibilitar o acesso à cultura, aos meios de comunicação, à preservação
ambiental, aos cuidados com a saúde, contribuir com a formação continuada
adequando às novas tecnologias, necessidade socioeconômica e cultural;
incorporando a cultura de paz e democracia e assim favorecendo uma participação
criativa e consciente dos cidadãos (CONFERÊNCIA, 1999, p. 49-50).
Nos projetos de
inclusão digital é importante focar a promoção da habilidade das pessoas em
utilizarem os aspectos técnicos para sua melhoria social e de sua comunidade.
Considerando que a educação de jovens e adultos não se reduz às técnicas, “mas
não se faz educação sem ela” (FREIRE, 1995), utilizar computadores possibilita
ao aluno, avançar de maneira crítica, no processo de aprendizagem.
Sendo assim, a
fundamentação teórica adotada seguiu a concepção de Paulo Freire (1995), que
prioriza as relações entre aluno e professor, e entre aluno e conhecimento. O
respeito à experiência e à identidade cultural dos alunos, onde o sujeito é cognoscente
em um movimento de superação do senso comum pelo conhecimento mais crítico “em
torno do mundo e de si, no mundo e com ele” (p. 17). O homem concreto deve se
instrumentar com os recursos da ciência e da tecnologia para melhor lutar “pela
causa de sua humanização e de sua libertação” (FREIRE, 1995: 98), tendo como
ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos para que, por meio de problematização
fosse possível estimular a criticidade, o pensamento e ação consciente sobre o
uso do computador. O amparo legal Lei de Diretrizes e Bases-LDB Lei 9.394/96,
ratificando o que declara a Constituição Federal, em seu Título III: como
reconhecimento do “Direito à Educação e o Dever de educar, VII Oferta de
Educação Escolar Regular para Jovens e Adultos, com características e
modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se
aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola”. Apoiou-se
também no pensamento de Arroyo (2003), quando defende que é possível construir
uma escola para a educação de jovens e adultos, a partir de fatos do cotidiano
nos quais emergem dificuldades, expectativas, desejos e propostas relacionadas
à aquisição de conhecimento dos envolvidos no processo educacional.
Metodologia
Frente à necessidade de
comprovação da eficiência metodológica proporcionada pelo uso dos recursos
tecnológicos, o desenvolvimento de atividades de apoio ao processo de ensino da
leitura e escrita, fundamentou-se na abordagem problematizadora de Paulo Freire,
favorecendo as discussões e leituras reflexivas por meio de oficinas com o
objetivo de despertar o interesse do educando.
Sabe-se que a
aprendizagem do sujeito se constitui a partir da sua vivência na sociedade. É
inegável que o uso de recursos audiovisuais na alfabetização de jovens e adultos,
estimula o sentido humano, aguça as habilidades intelectuais, sociais e
afetivas dos alunos, possibilitando posicionar-se, decidir, pensar, discordar
ou concordar com alguma situação apresentada. Os encontros ocorreram
semanalmente, com duração de três horas e meia, totalizando onze aulas.
Dessa forma, o
desenvolvimento da sugestão das tarefas foi assim compreendido:
Na primeira aula, além
da apresentação da proposta de trabalho, procurou-se saber o conhecimento prévio
dos alunos em relação às novas tecnologias, em particular o computador. Seguida
de uma discussão grupal relacionada à proposta apresentada, cada aluno
comentava seu ponto de vista, apontando a relevância da atividade para a sua
aprendizagem.
A fala de alguns alunos
deixou claro o interesse sobre o tema, “o uso da tecnologia favorece uma boa
aprendizagem”, “não é só na escola que se aprende”. Assim, nota-se que o aluno
não vive isolado, ele frequenta vários segmentos da sociedade e a tecnologia
permeia esses ambientes.
Ao final, ressaltou-se
a importância e a necessidade de apropriar-se desses conhecimentos,
considerando que o mundo está em constante transformação e para que o sujeito
não seja excluído, se faz necessário adquirir os conhecimentos básicos no que
diz respeito à era digital.
Na segunda aula,
sugeriu-se uma roda de conversa a título de problematização e reflexão sobre o
uso do computador. “O que conhecem sobre informática?” “Quais as experiências
que já tiveram com o computador?”, “O conhecimento em informática pode melhorar
a vida das pessoas?”, “Até que ponto o uso da tecnologia pode ajudar a melhorar
a vida das pessoas?”.
Por meio de imagens,
fazendo uso do projetor de multimídia (Data Show), foram apresentados os diversos
tipos de suportes tecnológicos utilizados há décadas, tais como: o livro,
telefone, máquina de datilografar, rádio, vitrola, disco de vinil, CDs, DVDS,
telefone celular, máquina fotográfica e computador, seguida de análise a
respeito da utilidade e benefícios das novas tecnologias, no campo
profissional, educacional e na medicina.
Assim, foi possível
observar a curiosidade e interesse dos alunos em relação ao tema abordado. A
oportunidade de visualizar a gama de ferramentas tecnológicas existente no
mercado de trabalho contribuiu para que muitos alunos fizessem uma ligação com
suas vivências, comparando o passado e o presente e se perguntando como será o
futuro.
Na terceira aula, foi
exibido o documentário “Alfabetização de Adultos: Mudança qualitativa” Programa
Mais Você – Rede Globo (21/12/2009). Após a exibição discutiu-se sobre o vídeo,
abordando os pontos mais relevantes, a importância da apropriação da linguagem
oral e escrita para a inserção do sujeito no meio social, apontando-se uma
questão a título de reflexão: o que pode facilitar ou dificultar a vida de
alguém que não sabe ler? Para finalizar, sugeriu-se que cada aluno apresentasse
oralmente, seu ponto de vista em relação à problemática abordada.
Na quarta aula, houve a
exibição do vídeo: “O computador pode ser um grande aliado na alfabetização de
jovens e adultos”, produzido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC: 2009),
na qual a Psicolinguista argentina Emília Ferreiro, faz uma abordagem sobre a
importância de metodologias inovadoras fazendo uso de ferramentas tecnológicas para
a valorização dos alunos da EJA. A escritora sugere que professores e
educadores façam uso do computador, para proporcionar aos alunos da Educação de
Jovens e Adultos, uma aprendizagem significativa.
Em seguida, os alunos
fizeram o conhecimento e reconhecimento das partes operacionais do computador,
manuseio do mouse, ligar/desligar e observar o teclado, parte primordial para a
iniciação às atividades de alfabetização. Os alunos que já sabiam manusear a
máquina se posicionaram como instrutor para os que estavam tendo o contato pela
primeira vez, explicando seu uso passo a passo, digitação de letras, números e
palavras conhecidas.
Na quinta aula,
desenvolveu-se uma atividade de verificação de aprendizagem, na qual se sugeriu
aos alunos a digitação do próprio nome, seguida de pequenas palavras, pequenas
frases e pequenos textos, sempre com o acompanhamento e orientação do
professor. Prática que teve como objetivo, desenvolver a coordenação motora e a
interação aluno/máquina, tendo em vista que alguns alunos apresentavam
dificuldades para manusear o mouse e o teclado.
A informática deve ser
vista como um instrumento de interação com o educando, uma vez que o
conhecimento não é transmitido, e sim estabelecido progressivamente por meio de
práticas, resultando na construção e reconstrução do conhecimento.
Na sexta aula,
visitou-se uma agência bancária, a fim de favorecer a familiarização dos
educandos com o caixa eletrônico, tendo em vista que muitos alunos não sabiam
utilizar a máquina, foi possível retirar extrato, simular depósito e saque
usando o cartão eletrônico.
Essa atividade
possibilitou ao aluno sair do cotidiano da sala de aula, causando uma
expectativa significativa o fato de trabalhar com uma ferramenta tecnológica,
proporciona um entendimento prazeroso, o aluno aprende sem preocupar-se com a
obrigatoriedade de memorizar conteúdos para fazer uma avaliação.
Para ampliar os
conhecimentos sobre o sistema de escrita, na sétima aula sugeriu-se um ditado
de palavras. A realização da atividade deu-se em duplas por computador, com o
objetivo de um ajudar ao outro. Essa tarefa possibilitou aos alunos, a troca de
experiências e discussões relacionadas à grafia das palavras. Aprenderam
rapidamente o uso do recurso da borracha, apagando diversas vezes, sempre que
observavam a falta de letra ou sílaba. Finalizando com a socialização de
opiniões: as facilidades e dificuldades na digitação.
Na oitava aula,
visitou-se a biblioteca pública da cidade. Esta atividade objetivou apresentar
aos alunos um espaço acolhedor e atraente, de modo a conhecer a forma de
organização do acervo, seus serviços, programação cultural.
Com o advento das
mídias digitais, computadores e a internet, muitas bibliotecas têm caído no
esquecimento, sendo substituída por acervos digitalizados. Porém, o livro ainda
permanece sendo uma ferramenta de grande valor acessível a todas as pessoas em
qualquer lugar.
Assim, nota-se a
importância de apresentar para o alunado, o quanto os livros são importantes
para a formação cultural e também para a formação de uma pessoa como cidadã, é
na biblioteca, em meio à diversidade de livros que um mundo diferente é
descoberto pelas crianças, jovens e adultos.
Na nona aula,
programou-se uma atividade por meio do computador, oportunizando aos alunos a produção
de texto relatando os conhecimentos adquiridos ao longo das aulas. Mediados
pelo professor, foi possível perceberem a utilização do computador como uma
ferramenta que possibilita o aprendizado da leitura e da escrita, uma vez que
facilitará o reconhecimento dos símbolos em textos impressos que circulam nos
meios de comunicações.
A décima aula, foi
dedicada à gravação de um vídeo, com o depoimento dos discentes acerca da
experiência com as novas técnicas de aprendizagem utilizando o computador e o
que significou para eles.
Na décima primeira aula,
foi feito o fechamento das atividades com a socialização e exibição do vídeo produzido
anteriormente para todos os alunos. Para Piaget (1977) a “socialização
significa a possibilidade de o indivíduo trocar e compartilhar efetivamente
significados e submeterem-se as regras morais” confirmou-se que o uso da
tecnologia, em particular o computador, além de permitir o acesso dos alunos a
mais uma prática de leitura e escrita, permite também, sua utilização nas
práticas de letramento.
Resultados
No processo de
desenvolvimento das oficinas foi possível observar dois campos:
Campo positivo: na
aplicação e execução do projeto observou-se a satisfação dos educandos com a
proposta de trabalho, o entusiasmo para fazer uso do computador, o que
proporcionou refletirem sobre a importância e a necessidade da aquisição de
novos conhecimentos, novas formas de aprender a ler e escrever, novas
habilidades e atitudes diante de uma nova ferramenta de ensino capaz de possibilitar
uma aprendizagem significativa e de forma prazerosa.
Campo negativo: quanto
ao uso do computador, encontramos algumas dificuldades na apropriação de tal
veículo de conhecimento, tais como o fato de a escola não dispor de um
laboratório de informática. Dessa forma, as atividades foram executadas apenas
com dois computadores de propriedade dos professores, uma motivação para que os
educandos participassem de fato da proposta de trabalho.
Contudo existe um
esforço por parte dos professores em desenvolver e executar projetos
pedagógicos que possibilite uma nova visão aos alunos da educação de jovens e
adultos, permitindo que eles sejam capazes de usar com racionalidade a
tecnologia, voltando-a a seu favor, considerando que na EJA as possibilidades
de aproveitar as experiências daqueles que tem uma história de vida é
fundamental para o pleno desenvolvimento de sua cidadania.
Considerações
Finais
Os jovens e adultos
quando entram na educação formal, tem certas prioridades e urgências em
aprender e fortalecer os conhecimentos prévios. Observa-se a necessidade de
utilizar recursos que acelere seu aprendizado de maneira que os alunos adultos
sintam-se motivados e não desanimem no processo, mas perceba que seu objetivo
está sendo atingido rápido e continuamente.
É importante despertar
a consciência crítica/reflexiva desses alunos enquanto agentes de transformação
social, assumindo a percepção de mudança do mundo, partindo para a prática
consciente de seu papel no meio social (FREIRE, 1997). Considera-se, que a
utilização do computador como ferramenta para o processo de aprendizagem da
leitura e da escrita é uma excelente estratégia para garantir a permanência do
aluno na escola e possibilitar uma aprendizagem prazerosa e significativa.
Sabe-se que as
propostas de trabalho com jovens e adultos aliados a suportes tecnológicos é um
meio interessante, para além de aprender a ler e a escrever, com o avanço da
informática é de vital importância que os estudantes sejam também,
alfabetizados no mundo digital.
Conclui-se que este projeto
contribuiu para fortalecer a autoestima dos alunos, manifestando entusiasmo e
interesse nas aulas. Para tanto, é preciso que o educador seja um agente de
motivação. É preciso inovar, estimular os alunos, fugir da mecanização. Proporcionando
situações de aprendizagens que façam sentido para os jovens e os adultos.
Aproveitar a experiência de vida de cada um, elevar a autoestima, para que o
educando seja capaz de atuar de forma consciente na sociedade e melhorar sua
qualidade de vida, são ações que o professor deve desenvolver para fazer a
diferença na sua prática educativa.
Referências
ALFABETIZAÇÃO
DE ADULTOS: mudança qualitativa. Mais
Você. Rio de Janeiro: Rede Globo, 21 de dezembro de 2009. Programa de TV.
ARROYO,
Miguel. Uma escola para jovens e adultos.
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BRASIL.
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DELORS,
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PIAGET,
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